DESCONFORTO



Francisco Perna Filho








 

 
 


Vazio de cidade, 
há uma desordem em mim. 
Contemplador de desvãos, 
vou esculpindo infrutíferas buscas. 
O que há de encontro na minh’alma 
é só o apóstrofo. 
Busco desvencilhar-me da ferrugem da estrada, 
do ferrolho das minhas ausências, 
quando substantivo a vontade. 
Há em mim doença de lagarta, 
predisposição para casulo, 
pretensão para eterno. 
Voar é o meu destino. 
Rastejante, carrego primórdios, 
contemplo a estrada. 



II 


Toda estrada traz o peso dos passos, 
a solidão da espera, 
a aflição da permanência. 
Toda estrada atende determinações. 
Carrega um amargor de épocas, 
apêndice de partidas. 
Toda estrada transporta um ser aprisionado, 
voz de encontro, 
razão para perder-se. 
Intensifico minha pretensão de perpetuação. 
Rastejante, apresento-me à parede. 
há um desejar de minha parte: 
de gestar esta metamorfose. 
Há uma rejeição paredal. 
Apresento-me ao fio elétrico, 
há uma mútua atração, 
uma revelação primal: 
a técnica natural se afeiçoa da modernidade 
para parir um vôo de destinação. 
A vida se faz múltipla, 
apesar da indiferença humana. 
 
 
 
 

Um comentário:

  1. Olá Francisco.
    Sou aluna do Professor Fábio, da UFT, e venho agradecer, mais uma vez, pela participação em nossa aula. Fora muito importante e interessante sua explicação sobre a crônica.
    Adorei!
    Desde já visito sempre seu blog e adoro, não entrei em contato antes por bobeira rs.
    Se me permite, adicionei seu blog a minha lista de blogs indicados (também mantenho um blog aqui no blogspot).
    Qualquer coisa, entre em contato...
    http://esmaltdescascado.blogspot.com/
    Será um prazer mostrar a você a crônica que produzi depois daquela aula.
    Araços Ina

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