“Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos”
Francisco Perna Filho
Persignar-se, é esse o termo, ante o desconhecido. A evocação do sagrado para o socorro das nossas aflições terrenas, dos nossos temores,da precisão nossa de cada dia. Um olhar que se volta para os céus, um andar que caminha para adiante, um sentir-se que projeta a proteção. A vida transformada pela prece, tão necessária nesses conturbados dias em que vivemos.
A miséria humana, o clamor dos pobres da América, o silenciar dos poderosos. Tempos difíceis em céu de brigadeiro. O progresso material que se propala, fragiliza o espírito do homem bom, escarnece a nobreza dos atos, matando no ser a esperança e a fé no sagrado.
Se a fé, a evocação do sagrado, a busca da proteção divina, são alentos para o ser que enxerga o enredo do mal. O que será do ser que sofre os “infortúnios da sorte”, as tramas desse mal e insiste em desconhecê-las? Pior ainda, o indivíduo que tudo sabe, que tudo conhece, e vale-se do sagrado, do nome de Deus para amealhar bens e poder, para tramar e beneficiar os seus, para perseguir e castigar, maquiado na sua bondade, passando-se por bom na “profissão” que exerce, na religião que prega, na reunião que conduz.
O Ser que assim age, esquece-se do verdadeiro significado de ser cristão, impelido pela ganância, apropria-se da “verdade”, do poder, para escravizar, humilhar, perseguir, sempre na pele de cordeiro, sempre bom aos olhos dos que olham de fora e nada vêem. Um sorriso sempre aberto, um brilho no olhar que cega, já que tudo isso faz parte do jogo, da trama, da maledicência. Ao se julgar inteligente demais, desconhece a própria incompetência, o ridículo que representa, porquanto os seus séquitos sempre estão a bajulá-lo, a fazê-lo acreditar que é importante e potente, que age sensatamente. Que, ao humilhar, perseguir, alijar do processo, nada mais faz do que castigar o indivíduo que contra ele se rebelou, ou por tão somente não ter com ele simpatizado.
Os demônios são mais nobres, se nos apresentam como tal: ruins, perversos, demoníacos. Não querem camuflar nada, vivem das artimanhas que inventam. O objetivo que buscam é tão somente o mal. Contra eles, temos a prece, a cruz, o “pelo sinal”, água benta (lustral), os bons pensamentos. Contra os outros, os da pele de cordeiro, o que temos é a sorte de não cair nas suas teias, de não fazermos parte do seu ódio, de termos, acima deles, a quem possamos recorrer. Alguém que nos possa proteger.
Fonte da imagem: http://www.cristianoveronez.com/images/Image/terco.gif
Chico seu texto é forte e profundo.Reflete muito bem os tempos que estamos vivendo, e nós sabemos bem o que é andar entre lobos em pele de cordeiros.
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