III
A cidade enforquilhada,
enrodilhada,
trapaceada,
submetida,
subjugada,
argumenta as suas origens,
os seus papéis,
os seus bordéis,
bordados,
boquifendidos,
inesitantes,
inescusáveis,
sempre prontos,
sempre postos,
via livre,
libertação.
atesta as suas crenças,
o demencial momento
do estapafúrdico comércio da fé,
em sinos,
em símbolos,
em siglas,
computa
o vil metal.
A cidade morre
nos seus ciúmes,
na represália do amor passante
do que não lhe pertence,
do que não lhe é de direito.
A cidade assiste,
assustada,
o féretro que passa,
o Solitário silêncio de quem vai,
a paz desbotada de quem fica.
A cidade sempre chora,
sempre só.
As primeira chuvas chegam,
vesga e borrada a cidade é só ternura
computando os seus dias de seca,
suas ressacas homéricas,
seu delitos,
Seus dilúvios.
às vezes solitária
chora, serenamente,
os seus domingos,
compasso de espera,
revés de toda sorte,
como manchete estampada
nos principais diários
de uma Segunda feira
qualquer,
como passatempo para historiadores
e poetas.
A cidade líquida,
corrente,
acostumada à sirenes
e infidelidades,
reprisa os seus pontos de ônibus,
seus terminais urbanos,
a alegoria dos seus governantes
em traços de Art déco.
Fonte da imagem: http://img98.imageshack.us/img98/1619/102197664cc72ed566bbux2.jpg
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