Oh, Jerusalém!
A palestina sangra na menina dos teus olhos.
E pálida fica a tarde aturdida pelos canhões
amortecidos nos corpos espalhados pelo rio dos meus sentimentos.
Sentir o arranque do carro,
a distância da bala consumida pelo peito inocente da menina que vende flores
Praga
E em toda primavera nos sentimos invadidos
pelos soldados da incompreensão,
que marcham enraivecidos como os canhões na praça vermelha;
como os pássaros nas torres gêmeas;
quando as suas caras pálidas transbordam incertezas,
soldados que estão na própria máquina que conduzem.
Deuses do próprio umbigo,
amaldiçoados em rastros de ferro e fogo.
Famintos,
Os governantes desconhecem as águas na quais se banham.
Infelizes, não se comovem com o aboio da terra maltratada,
estriada, ressequida.
Infames, são a pura erva que mata o gado que somos.
Muitas outras dores passam a largo,
E não há remédio que possa acalmá-las.
Muitos outros gritos repercutem,
Como a mulher que grita desesperada
Pelas ruas de Bagdá.
Cavalos marcham em disparada.
Somente a idéia dos reis em marcha,
Os santos quebrados a cada um que se desfaz.
As aldeias estão às escuras,
A estrela não brilha mais,
E os homens gravitam no velho ábaco.
Olvidados o grito da terra,
Os sons metálicos das dores milenares,
e a menina órfã é rasgada como brinquedo de exploradores,
tão sedentos como os senhores da guerra.
Cravam-nas, as lanças, fardo de suas misérias capitalistas,
no corpo ingênuo da menina
de pernas finas,
bracinhos frágeis,
ventre deformado,
gestando o martírio de cana e etanol.
Oh, malditos!
Cearão a lama que produzem,
Nadarão nos tanques dos seus martírios.
Depois, embriagados chorarão a fome
A miséria da alma,
Os sons da fúria de uma cegueira ensaiada.
Oh, infames!
Visionários da própria destruição.
Assestarão os seus olhos para além do que podem entender,
E não enxergarão nada mais do que terra degradada,
Silêncio em decomposição,
Saudade e desmantelo
Na dor profunda do cerrado que se desintegra.
Ei boi! Ei boi! Ei boi!
Foto by Evandro Teixeira http://www.nordesteweb.com/not10_1208/20081214Sertao.jpg
É isso, meu camarada! a verve necessária, lírica, ardente e bem estruturada poeticamente, com a estética de um Maikóvisck, de um Neruda. Parabéns pela poesia e pelo blog, com perna, mão, coração e alma.
ResponderExcluirGilson Cavalcante.
Vai aí meu blog: http//armazemdeversos.blogspot.com