Carlos Pena Filho - Poema








Carlos Pena Filho










A SOLIDÃO E SUA PORTA



Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).

Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.



In. Livro Geral. Recife, 1969, p.40 - Apud. Magaly Trindade Gonçalves et all. Antologia de Antologias. São Paulo: Musa, 1995, p.497.
Imagem: Solidão

2 comentários:

  1. ... passagem pelo silêncio...entrar ou sair ou querer ficar dentro do silêncio...
    O silêncio é o que de mais forte se respira do lado de dentro do espaço imagem.

    Gostei muito dos conteúdos numa leitura apressada por isso vou voltar para ler e sentir.

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  2. ir tão fundo na dor da vida só deixa essas duas saidas. Ir-se para sempre ou abandonar-se ao transitorio.
    Um poema denso e construido com leveza.
    beijos

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