Outono
Nas antecâmaras do silêncio
o amor estende os lençóis de luto
o linho suave do lamento
esculpindo nas sombras da ausência
um pergaminho de lágrimase tormentos.
O que fazer dos braços
do peito
o que fazer da carne
quando a dor torna excesso
o tudo mais além do eu?
O que fazer das chuvas
das horas mais tristes da infância
o que fazer dos gestos
quando a hora torna cicatriz
o todo infinito aquém do eu?
Em pequenos barcos de papel
escoam-se os risos do menino de outrora,
as cirandas de cinzas
e aurorasdo Nada.
E em tudo nasce a névoa,
o sortilégio do vazio
o pó da memória.
Ante os escombros do invisível
nasce apenas o desejo do movimento urgente,
a vontade de andar contra os acasos e acidentes.
Entretanto,
apesar do silêncio
a vida estoura
rápida,
precisa
conclamando à luta
as mãos e o poema.
Mesmo sem itinerários
a vida ergue seu cântico
para além de todas as noites
para além de todas as ausências.
Imagem retirada da Internet: outono
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário aqui