Heleno Godoy - Poema


Um Possível Oráculo




Para aquele que, diante de si (e antes de si) mesmo,

pode contar pares de olhos, mãos, pernas, cabeças

que nem sempre o seguem, que às vezes não lhe

prestam atenção;


Para aquele que se sente esgotado, mas segue em frente;

que se sente traído, mas se recusa a parar e que, se pára,

sente então que a traição é mais ainda sua e que todos

aqueles pares de olhos,


aquelas cabeças tantas vezes deslocadas, aquelas mãos

e pernas que não se aquietam e se impacientam para ir

embora, elas sim, traem a si mesmas, mas não por serem

ruins ou mesmo


tolas, apenas por serem inadequadas, por não terem aprendido

ainda o que vale e o que não vale, o que permanece e é

insubstituível, o que atrai o pássaro ou a abelha para

as flores e a chuva para o chão.


Um dia, saberão.

Oráculo do professor!


Imagem retirada da Internet: Oráculo

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