By Paulo Patoleia
Canção do estrangeiro
Estou à procura de um homem que não conheço,
que nunca foi tão eu-mesmo
quanto depois que o procuro. Tem meus olhos, minhas mãos
e todos os pensamentos iguais
aos destroços do tempo?
Época de mil naufrágios,
o mar deixa de ser mar,
torna-se a água gelada dos túmulos.
Mas, mais tarde, quem sabe mais tarde?
Uma menina canta recuando e a noite reina sobre as árvores,
pastora em meio das ovelhas.
Arrancai ao grão de sal a sede
que bebida alguma satisfaz.
Com as pedras, um mundo se desgasta
de ser, como eu, de parte alguma..
Tradução de Ivo Barroso -é poeta, ensaísta e tradutor. Traduziu mais de quarenta livros, entre eles vários de poesia, como os Sonetos, de Shakespeare, Os Gatos de T. S. Eliot, o Diário Póstumo de Eugenio Montale e Hipóteses de Amor de Annalisa Cima.
Fonte:Dicta&Contradicta
Hoje ao chegar no trabalho resolvi dar uma bisbilhotadinha no seu site professor e me deparei com essa canção do estrangeiro e ao ler a primeira linha me deparei com uma realidade que vivo no trabalho, de ser um estrangeiro em busca de diferencial e não conseguir.
ResponderExcluirO sistema educacional as vezes me revolta, pois são tanto bons professores sendo podados e tantos maus professores sendo exaltados que essa indiferença dói.
E assim como o mundo se desgata de ser, nos que lutamos em mediar o conhecimento vamos nos desgastando e vivendo esse luta cotidiana. Precisava desabafar e me senti a vontade para fazer isso aqui...
Adorei o texto..
Abraços
Eduardo Barreira
Muito boa reflexão, caro Eduardo. Somos sempre estangeiros, de algum modo.
ResponderExcluirAbraço,
Chico Perna