Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
De Na Vertigem do Dia (1975-1980) - Jornal de Poesia -http://www.revista.agulha.nom.br/gula.html#traduzir
Se tivesse o talento dele ou o seu poderia er escrito esse poem. Sou eu.
ResponderExcluirbeijos