Nos últimos dias, postei alguns poemas de Pablo Neruda, Gerardo Mello Mourão e Olavo Bilac, grandes nomes da poesia universal, todos bem conhecidos e estudados. Hoje, trago para vocês um dos maiores poetas deste País: Luiz Carlos Goulart de Miranda, nascido a 6 de abril de 1945, à beira do Rio Uruguai, Uruguaiana- RS. Boa Leitura!
Dispo-me dos pudores da forma
coloco meu ouvido no teu peito
e deixo-me levar
na emoção de quem procura
teu rosto na sombra
e te purifica te revela
te orvalhece te incendeia
e comparece em ti
com estas palavras
trazidas da alma
Se chegarei à poesia
não o sei
apenas escrevo estas linha na água
para brilhar no céu
um dia
recolhidas pelas nuvens
ou espremidas a longo véu das chuvas
Agora desliza minha mão
a auscultar a memória da tua pele
a viver nela o tempo impensado
dos navios perdidos
viver na tua pele
todos os naufrágios
e renascer na palma
do amanhecer
Agora a vida é renascer
sempre em ti
Um pensamento fugidio
às festas da aurora
é teu nome em meu coração
a romper o silêncio
um risco de luz
transfigurado em tua face
é meu guia
e seguirei
cuidadoso
como um cão
e seguirei teu cheiro
pela noite imensa da paixão
Seguirei
até que te convertas
na própria tinta das palavras
e venhas a escrever
desde esta janela de espanto
que é o mundo
luz redonda de infinito
Seguirei contigo
ainda que estejas longe
e te desfaleças
noutra solidão
noutro minuto de esperança
e te consideres ausente
como são ausentes as distâncias
mas te chamarei baixinho
para te estelar
nas proximidades mais íntimas do amor
Para te estelar
na longitude dos espaços
das geografias
que o amor tem outro calendário
outro itinerário
E és tu, namorada,
que me dás a música dos versos
seu rebentar na carne.
O amor marca o tempo diferente, condensa as experiencias.
ResponderExcluirEste poema passeia por tantas questões da vida.
beijos