Julio Florencio Cortázar
Hoje, falaremos de Julio Florêncio Cortázar, escritor argentino, nascido em Bruxelas, 26 de agosto de 1914, e falecido em Paris, 12 de fevereiro de 1984. Cortázar formou-se Professor em Letras em 1935, na "Escuela Normal de Profesores Mariano Acosta", e naquela época começou a freqüentar lutas de boxe. Em 1938, com uma tiragem de 250 exemplares, editou Presencia, livro de poemas, sob o pseudônimo "Julio Denis". Lecionou em algumas cidades do interior do país, foi professor de literatura na "Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad Nacional de Cuyo", mas renunciou ao cargo quando Perón assumiu a presidência da Argentina. Empregou-se na Câmara do Livro em Buenos Aires e realizou alguns trabalhos de tradução. Em 1951, aos 37 anos, Cortázar, por não concordar com a ditadura na Argentina, partiu para Paris (França), pois havia recebido uma bolsa do governo francês para ali estudar por dez meses, e acabou se instalando definitivamente. Trabalhou durante muitos anos como tradutor da Unesco e viveria em Paris até a sua morte. Teve uma relação de amizade com os artistas argentinos Julio Silva e Luis Tomasello, com os quais realizaria vários projetos conjuntos. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Julio_Cortázar ).
No texto a seguir, incluído em seu livro póstumo, Salvo el crepúsculo, Cortázar fala de sua infância, de suas leituras e memórias.
InfânciaO sentimento da poesia na infância: gostaria de saber mais, porém tenho medo de cair em extrapolações inversas, recordar obrigações a partir do hic et nunc, que quase sempre deforma o passado (Proust inclusive, apesar de que isso possa aborrecer os ingênuos). Há coisas que retornam em rajadas, que conseguem produzir durante um segundo de vivências profundas, acríticas da criança: sentir-me agachado, de quatro, debaixo das plantações de tomate ou de milho do jardim de Bánfield, rei do meu reino, olhando insetos sem intermediários entomológicos, sentindo, como hoje me é impossível sentir, o cheiro da terra molhada, das folhas, das flores.
LeiturasSe dessa revivência passo às leituras, vejo sobretudo as páginas do Tesouro da juventude (dividido em seções e, entre elas, o Livro da poesia, que abarca um enorme espectro, da antiguidade até o modernismo). Mistura inseparável, Olegário Andrade, Longfellow, Milton, Gaspar Núñez de Arce, Edgar Allan Poe, Sully Prudhome, Victor Hugo, Rúben Darío, Lamartine, Bécquer, José Masria de Heredia.
Certeza[...] a preferência - forçada pela do antologista - pela poesia rimada e ritmada, a precoce descoberta do soneto, das décimas, das oitavas reais. E uma facilidade inquietante (não para mim, mas para minha mãe, que imaginava plágios disfarçados) na hora de escrever poemas perfeitamente medidos e de impecáveis rimas, aliás signifyin nothing, além da cafonice romântica de um menino perante amores imaginários e aniversários de tias e professoras.
In.O Facínio da Palavras - Entrevista com Julio Cortázar. Omar Prego. Tradução: Eric NepomucenoRio de Janeiro:José Olympio, 1991.p.15-16.Imagem:http://escafandro.blogtv.uol.com.br/img/Image/escafandro/julio%20cortazar.jpg
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