Francisco Perna Filho
Nasci,
tomei conhecimento do mundo
e de mim.
Além dos outros,
somente eu:
UM.
Um a contabilizar os dias,
os goles e os livros,
a jurar amores
às cartomantes.
A correr sem medo,
sem dinheiro e sem rumo,
espantava a velhice escovando as horas.
Quando cresci,
fui jogado no mundo,
bati com a cabeça na vaidade alheia,
conheci mulheres
e espelhos,
e descobri-me sobrevivente
ao brindar com o inimigo.
Acumulei perdas
e desilusões.
Talvez, por ter nascido bem mais tarde,
não me calaram a voz.
Chorei.
Persegui amores,
como os cães do interior
perseguem carros:
uma luta vã.
Sobrevivi,
tive bem mais sorte
do que o Latim.
Historicamente me fizera,
na repetição dos dias
e dos filhos,
descobri o amor.
Foto by Tainá Corrêa
Belo poema. Gostei da figura: "espantava a velhice escovando as horas". Maravilha também: "bati a cabeça na vaidade alheia".
ResponderExcluirChico
ResponderExcluirBonito blog e lindas poesias. Apreciei bastante e sou sua seguidora.
Abraços
Angela