REFÉM

Francisco Perna Filho












A cidade tempestuosa,

a chuva banha.

Aflige o homem encerrado em latas de sardinhas,

cravado nos latões de lixo da cultura globalizada.

Refém de tiros, dispersos como sons,

e órfão da própria origem,

pelos corredores se precipita,

com angústia e zelo pelo que já perdeu.

Uma faca,

uma chaga,

cravadas no seu coração,

reduzem-no ao abjeto da modernidade.

No escuro, tateia o grito do seu irmão operário

preso ao concreto de sua insignificância.

Por certo,

o homem desumaniza-se,

desorienta-se...

é puro grito ancestral,

adormecido nos lábios pétreos da cidade.


Fonte da imagem: http://amadeo.blog.com/repository/171308/1144336.jpg

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