REFÉM
A cidade tempestuosa,
a chuva banha.
Aflige o homem encerrado em latas de sardinhas,
cravado nos latões de lixo da cultura globalizada.
Refém de tiros, dispersos como sons,
e órfão da própria origem.
Pelos corredores se precipita:
com angústia e zelo pelo que já perdeu.
Uma faca,
uma chaga,
cravadas no seu coração,
reduzem-no ao abjeto da modernidade.
No escuro, tateia o grito do seu irmão operário
preso ao concreto de sua insignificância.
Por certo o homem desumaniza-se,
desorienta-se
é puro grito ancestral,
adormecido nos lábios pétreos da cidade.
In. Refeição. Goiânia: Kelps, 2001, p.76.
Imagem retirada da Internet
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