Criatura
O homem salta,
corre,
está preso ao tempo
na escada do shopping.
A escada rola,
a vendedora se espanta
com o passado grudado nos degraus da escada.
O tempo corre,
a vendedora filtra o que vê,
e a esta visão
muitas outras se sucedem.
Coalhadas, como ecos na alma,
descansam nos olhos da vendedora que viu.
O homem avança
e a palavra elástica
finge acompanhá-lo:
nas procissões,
nos concertos,
no dia tenso de trabalho.
E sempre iludido,
com ideias de criador,
inventa a bolsa de futuros.
Premonitoriamente, aplica.
Só assim é o senhor do próprio tempo.
In. Refeição. Goiânia: Kelps, 2001, p.69-71.
Imagem retirada da Internet: time
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