A uma dama muito abrigada
Enquanto, suave, a primavera passa,
teu decote é zeloso, na abertura,
mas ao verão ardente, sem censura,
ele entremostra toda a tua graça!
Depois o outono chega e tudo embaça...
Então, vai se fechando, te enclausura,
e ao vir o duro inverno, com usura
ciumento, ao teu pescoço ele se enlaça.
Renego este tempinho - madrilenho
de longo inverno e de tão longos xales...
(Sou ilhéu! meu protesto não contenho!)
Mas socorrer-me está em tua mão:
mesmo em novembro, espero, me regales
com o presente de um dia de verão!
Tradução de J. G. de Araújo Jorge
Fonte: Clube da Poesia
Imagem retirada da Internet: decote
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