Alma minha gentil, que te partiste
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etério, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te;
Roga a Deus que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Camões é fantástico! Mestre do soneto, métricas e rimas que soam tão natural com o conteúdo exposto, que nem percebemos a labuta de ouvires (como diria Olavo Bilac) no construção do poema. Lindo! Eternamente lindo!
ResponderExcluirAndré Augusto Passari