André Augusto Passari - Poema


Devaneio


Tenho sobre a minha mesa
Um crânio, um feto e um cálice de vinho
Sobre os meus pensamentos
Uma ideia, uma esperança e um sonho tinto

Trago no rastro da vida
Uma dor, um amor e um martírio
E deixo em rascunhos perdidos no tempo
Minha história, meu ideal e meu delírio

Agora bebo o cálice de vinho
E a cada gole que saboreio
Fico a refletir sozinho

Sou este feto, sou este crânio
Que tão depressa passou pela vida
Sem ter vivido tudo o que queria

Sou este feto, sou este crânio
Cuja morte só não foi pior do que a loucura
De ter amado este mundo de amargura

In.“Fragmentos do Tempo”, editora Artepaubrasil
Imagem retirada da Internet: Crânio

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