Madalena Hashimoto. Das Mil Faces, 136/150, cologravura
Ser
poeta pra quê?
Quisera
ser vários poetas ao mesmo tempo
Várias
vozes, vários eus
E
assim não saber quem se perdeu
Sentimentos
maltratados, esquecidos e
por
isso maltratados e tão merecidos
Ser
mil faces e nenhuma
Desejos
honestos? Ideais puros?
O
que são essas coisas?
Escrever
mil versos de mil sentimentos
E
não sentir nenhum
Mas
lembrar de todos de cada um
Com
calafrios e arrependimentos
Mundo
do meu desmundo
De
um pedaço de mim que se perdeu
Onde
foi que ficou o meu eu
Em
qual buraco profundo?
Apenas
um verso inútil
Trocar
de camisa, pôr outro tênis
Assistir
a outro filme, sentir-se firme
Trocar
de perfume e de amigos
Apenas
um verso inútil
Há
tantos canais de tevê
Ser
poeta pra quê?
In. Fragmentos do Tempo”, editora Artepaubrasil
Sobre o autor:
André Augusto Passari é Médico Psiquiatra e Escritor. Natural de Taguatinga - DF, mora em Ribeirão Preto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário aqui