O ESPELHO
Diante de um espelho não se põe
um sujeito, mas uma linguagem.
Nele não se articula um rosto,
mas uma fala comprometida.
O espelho não é, pois, inocente,
reflete o abismo de uma ousadia,
o jogo narcísico de uma mentira,
a ânsia de uma farsa, o medo
de uma falha, o fio branco de um
engodo recente ou centenário,
e o medo, na própria articulação
de suas angústias irresolvidas.
In. A Ordenação dos Dias. Goiânia:Puc Goiás/Kelps,2009, p.59.
Imagem retirada da Internet: espelho
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