Francisco Perna Filho - Poema

OS PRIMÁRIOS CAMINHOS DA AUSÊNCIA



Ninguém veio,

e a esperança de um amor incutido

foi se perdendo nas horas.

(Não digo que todo o resto do dia tenha pensado em saudades),

Ninguém veio,

e o poeta,

indefeso,

só pôde acatar e louvar os primários caminhos da ausência.

Não houvesse ausência,

não haveria saudade,

e, por certo, não haveria poema.

Ninguém veio,

e o poeta passou a adiantar-se aos encontros

a contemplar as ausências,

e o poema estava salvo.


In. Revista Poesia Sempre. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2009

Imagem retirada da Internet: Solidão



Um comentário:

  1. Sinésio Dioliveira3 de julho de 2010 às 19:57

    Belo poema. Bela ilustração. Das "ausências" brotam cores variegadas para pintar maravilhosos poemas. Conforme você mesmo diz, o poema foi salvo.

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