- pulchri
"0 pulchritudo!"
Santo Agostinho
"Susana era a delícia da beleza.
Fizeram-na despir o véu para se saciarem de sua beleza.
Delicata nimis et pulchra specie' - (In Vulgata)
Do Livro de Daniel - Parte Deuteronômica
Elegia de Susana
Atravessa a noite e o coração
a flecha de seu nome:
Serias Isabel ou Catarina
eras Susana
E os olhos te distinguem
no catálogo dos sonhos,
pois,
eras uma vez a rosa, o pêssego, o favo de luz
das pupilas de mel
e no vinho da boca a voz de mel
a melodia
a embriaguês das noites e dos dias,
pois,
eras bela ao crepúsculo
bela ao crepúsculo
da aurora - e ao crepúsculo da tarde
ias ficando cada vez mais bela
e à penugem da noite
regias
inventavas
verão e primavera
e outras estações que tiravas dos seios
entre linhos e sedas
e às vezes
entre vinhos lareiras e edredons.
E a cada linha feita - desfeita - no teu rosto
eras e não eras
e eras
a promessa e a memória da beleza
ao crepúsculo da aurora e ao crepúsculo da tarde
E sobre a pele números e aromas
iam manchando e desmanchando
a rosa de teu rosto
e eras - e não eras
e eras
sugerida uma vez e outra vez e assim
iam-se contando as pétalas
na lentidão do gesto:
uma rosa - outra rosa - a mesma rosa
desabrocha devagar
da memória da rosa
tantas vezes achada
tantas vezes perdida:
ao teu poeta resta
a rosa da memória - resta
aquele aroma de plantas e jardins
um riso em flor de gerânios chilenos,
pois,
os gerânios começavam a chegar
e chegavam contigo
das janelas de Viña del Mar
ou
dos jardins da Flórida onde
o cisne dos navios carregados de flores
voavam sobre as ondas rumo à noite das Bahamas:
e ali eu te chamava Catarina.
E à madrugada
sábia já de beijos
a boca te dizia
Susana
e eras Susana e eras Catarina
e tinhas
a cada estação do ano um nome novo
E no mapa da mina de teu nome
numeroso e único
viajei o mapa-mundi e o mapa dos tempos
a caminho de ti
e desde
e até.
Ah! o amor, a paixão por quantos mundos nos levam
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