Raul Bopp - Poema

DIAMBA 



Negro velho fuma diamba
pra amassar a memória.

O que é bom fica lá longe…

Os olhos vão se embora pra longe.
O ouvido de repente parou.

Com mais uma pitada
o chão perdeu o fundo.
Negro escorregou.
Caiu no meio da África.

Então apareceu no fundo da floresta
uma tropa de elefantes enormes
trotando.
Cinquenta elefantes
puxando uma lagoa.

– Para onde vão levando esta lagoa?
Está derramando água no caminho.

A água do caminho juntou
correu, correu.
Fez o rio Congo.

Águas tristes gemeram
e as estrelas choraram.

- Aquele navio veio buscar o rio Congo!
Então as florestas se reuniram
e emprestaram um pouco de sombras pro rio Congo dormir.

Os coqueiros debruçaram-se na praia
para dizer adeus.


In. Urucungo (19320) Poemas negros


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