A Revista Banzeiro Textual tem o prazer de apresentar inéditos (em livro) do Poeta Marcelo Vieira Ribeiro, natural de Ouro Preto/MG, que vive no Rio de Janeiro/RJ, desde 1997, onde trabalha como funcionário público federal. Engenheiro civil e advogado, é poeta tardio, tendo começado a escrever regularmente em 2012. Desde então, costuma publicar seus poemas em sua página no Facebook. Foi um dos 15 classificados no Prêmio Off-Flip 2014.
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Marcelo Vieira Ribeiro
No
cinzeiro
Sobrou
no cinzeiro,
a
ponta do cigarro.
A
memória,
perdeu-se
por inteiro
no
alcatrão
e
na nicotina.
Nada
retém
a
fumaça da história,
apenas
o catarro
e
o pulmão,
negro
e refém
de
sua própria sina.
A crise do poeta
O
poeta está em crise:
faltam-lhe
o verso e o pão.
Traz na valise
dívidas e nenhum perdão,
e à mão,
ainda mais vazia,
a folha que lhe consome
a noite e o dia.
Para o poeta em crise,
o poema se faz no branco senão
da fome.
Dilema
A mão costura
sobre a folha
as linhas
de mais um poema,
esta urdidura
de tinta e fonema,
que mal umedece
a celulose
e já se coloca em dilema:
pertencerá
a quem a tece
ou se abrirá
à escolha
do que, na leitura,
as linhas,
uma a uma, descose?
O Grau da Escritura
A
gota de sal
na
página.
Suor
ou
ponto final
do
poema,
escritura
em
grau
de
fervura?
Menos
seria
palavra fria,
banal:
não
salga,
não
sua,
não
dura.
Não
queima.
Não Há Barganha
O
inseto
derrotado
na
teia
é
um feto
preparado
para
a ceia.
Barganha
não
há
se
há fome,
ou
a aranha
é
má
por
que come?
O peso da sombra
A
sombra pesa o peso
do que lhe grava o chão,
como
o verso retesa
na folha o arco da mão.
Sombra
é corpo indefeso,
poema
preso ao chão,
e
em sua palavra pesa
o
peso de sua tensão.
O
verso adensa a folha
como
uma sombra o chão
e
entre eles a escolha
do
que se ter à mão:
poemas
em recolha
ou
corpos sobre o chão.
Essa voz
Essa voz
no meu ouvido,
antes ruído
atroz,
ganhou sentido
após
eu tê-la assumido.
Vamos nós
agora
na sintonia
mais pura,
como iam outrora
a poesia
e a loucura.
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