Antero de Quental - Poesia
Cesário Verde - O Sentimento Dum Ocidental
Fonte: http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v039.txt
Imagem: http://www.centrovirtualgoeldi.com/img_bd/000138_G.jpg
Afonso Félix de Sousa - Passagem das nuvens
Natural de Jaraguá-Goiás. Formado em Economia com pós-graduação em Economia Internacional na École des Hautes Etudes da Sorbonne. Trabalhou no Banco do Brasil. Assistente de promoção comercial na Embaixada do Brasil em Beirute. Jornalista no Diário Carioca (Rio de Janeiro). Tradutor de numerosas obras em prosa e verso. Organizador de edições da obra de do Barão de Itararé. Saiba mais sobre o poeta aqui
Valdivino Braz - Poema
Valdivino Braz
Um dos grandes nomes da poesia brasileira, Valdivino Braz nasceu em Buriti Alegre (GO), em 23 de novembro de 1942. Formado em Jornalismo pela UFG (1984), é membro da União Brasileira de Escritores de Goiás. Possui várias premiações literárias, valendo destacar o Prêmio Nacional Cidade de Belo Horizonte, 1992, com A trompa de Falópio; Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, 2002, com Poema da terra perdida. E, em 1997, recebeu da União Brasileira de Escritores/Goiás o troféu Tiokô de Poesia. Valdivino Braz, por muitos anos trabalhou na imprensa oficial do Estado de Goiás (aposentou-se recentemente), atualmente, além de editar alguns jornais, é colunista da Revista Bula. Boa Leitura!
O LABIRINTO EM FLOR
Pensar, pensar, até florir,
incendiar-se o labirinto em flor.
Arranjos florais de uma desordem
— girassóis-girândolas em chamas —,
O caos dentro de sua própria ordem.
Penso a palavra
e se deságuo emoção,
aí procura a razão.
No caos entre uma e outra,
me sustento.
O caos cria, desfaz, diferencia.
Não me construo com a forma,
antes me desmorono,
mais familiarizado com o fundo,
minha fôrma.
Pêndulo no fio de equilíbrio
— gangorra absurda
e um visgo de nada —,
crio vertigens,
vejo o fundo de sangue do que sou.
Imenso, o abismo de um verso.
Me solto do fio,
no fundo me arrebento,
e me incendeio.
Sílex, antes que Fênix.
Imagem: Noite Estrelada, de Van Gogh - http://bitaites.org/tag/van-gogh
Carlos Drummond de Andrade - Mãos Dadas
Carlos Drummond de Andrade
Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
In.Sentimento do mund.2ª ed..Rio de Janeiro: Record, 2002, p.59.Imagem: http://nrse.blog.terra.com.br/files/2009/08/amizade.jpg
Carlos Drummond de Andrade - Poema
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que estereliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Luiz de Miranda - Profissão de fé
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