Jorge de Lima - Poema
Jorge Tufic - Poema
Sou tão frágil, meu bem, que um som, de leve
pode ser-me fatal como o teu beijo:
qualquer música brega, qualquer frase
pode ser-me fatal. E, assim, não deve
a brisa andar tão próxima à tormenta,
como não deve o ritmo da valsa
transformar-se em punhais; a vida é breve
e aquilo que é demais logo arrebenta.
Sou tão frágil, meu bem, que nada pode
separar-me de ti. Teu nome é um sonho
que navega em meu sonho. Tenho pena
de tudo, algo me aflige e me sacode.
Desliga esse Gardel, bota um canário
em vez do som, da voz que me condena.
Ruy Espinheira Filho - Poema
Gonçalves Dias - Poema
Morre José Mindlin - Notícia
O empresário morreu neste domingo, aos 95 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O corpo é velado desde as 11h. Às 15h, Mindlin será levado para o cemitério Israelita da Vila Mariana, nana sul da cidade, onde ocorre o enterro.
Mindlin ficou famoso por doar sua biblioteca pessoal para a Universidade de São Paulo (USP), em 2009. Até então o empresário era tido como o maior colecionador particular de livros do País. Segundo a ABL, Mindlin era o quinto ocupante da cadeira 29, eleito em 20 de junho de 2006, na sucessão de Josué Montello.
Biografia
Mindlin nasceu em São Paulo em 8 de setembro de 1914. Formado em direito pela Universidade de São Paulo, foi redator do jornal O Estado de S. Paulo de 1930 a 1934 e advogou até 1950, quando fundou e presidiu a Metal Leve.
Foi casado com Guita Mindlin, que morreu em 25 de junho de 2006. O casal teve quatro filhos: a antropóloga Betty, a designer Diana, o engenheiro Sérgio e a socióloga Sônia.
Mindlin foi membro do Conselho Superior da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) de 1973 a 1974 e de 1975 a 1976, diretor do Conselho de Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, quando estruturou a carreira de pesquisador. Fez parte do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNPq), do Instituto de Pesquisa Tecnológica, e da Comissão Nacional de Tecnologia da Presidência da República, entre outras entidades.
Mindlin recebeu ainda diversas premiações, entre elas, em 2003 o prêmio Unesco Categoria Cultura; a Medalha do Conhecimento concedida pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; prêmio João Ribeiro da Academia Brasileira de Letras; e, em 1998, o prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano.
O casal formou uma das mais importantes bibliotecas privadas do País, que Mindlin começou a formar aos 13 anos e chegou a ter 38 mil títulos. Em maio de 2006, o casal fez a doação de cerca de 15 mil obras da Biblioteca Brasiliana para a USP. No conjunto doado, constam raridades como documentos do século XVI com as primeiras impressões que padres jesuítas tiveram do Brasil, jornais anteriores à Independência e manuscritos que resgatam a gênese literária de grandes obras, como Sagarana, de Guimarães Rosa, e Vidas Secas,de Graciliano Ramos. É o autor de Uma Vida entre Livros - Reencontros com o tempo e Memórias Esparsas de uma Biblioteca e lançou em 1998 o CD O Prazer da Poesia.
Com informações da Academia Brasileira de Letras.
Fonte: Portal Terra
Aleksander Wat - Poema
Aleksander Wat - Poema
Célio Pedreira - Poema
CANTIGAS DE ANDAR JUNTO
De onde ainda nem chegamos
acende o zelo de ser único
na vontade de todos.
Ver de frente
o que acende
para espalhar mais alvos.
Como cada um
ser junto na astúcia de entender
caminho e rumo.
Cada estreito nosso
há de alcançar os vãos
num fazer de espalhar lugares.
E onde chegar
serão árvores nossas mãos
de uma raiz só.
Dessa raiz que rompe
que remove o lugar
e que aprofunda em longes .
Como horizonte fosse igual andar
sustentamos-nos em cada olhar acendido
em cada vontade de alcançar-se.
Assim os gestos vão gestando os vãos
como meninos nas varandas
olhando para além dos muros.
Posto que aqui sempre é tempo
de sonhar para mais
o que seja regar e brotar.
Segue assim espalhando luz
o que vela
e o que singra.
Nem parece mesmo longe
o que o caminho estreita
pelo carecer sincero de ir.
Vê que é grande uma manhã
nelas duram muitas claridades
apesar de ímpares.
Uma manhã tem feitio de bandeira
a nos significar
em pares.
Se a gente vai
nossa bandeira é sempre frente
onde se vai chegar.
É nossa vontade quem chega primeiro
quando o caminho nos junta
no continuar andando.
Mesmo o grande dos nossos estreitos
é um caminho só
nas mãos de nosso rumo.
e arranjar um diverso inesperado
paciência é remédio absoluto
para o encontrar-se.
Esses artifícios de andar junto
carecem mesmo paciência
e as vezes alguma ciência.
Até o êrmo pode ser perto
se o caminho é certo
no rumo do junto.
E quando menos parece
aparece outro hoje
e a gente toma um novo mesmo tino.
É assim mesmo diverso
o caminhar do esperança
dia ensina dia aprende.
No fundo esperança é vontade
de andar junto
ainda que distante.
Tecendo fios longos
numa mesma renda
a gente entende os muitos.
Pois o tempo de recomeçar
é um tempo inteiro
ainda que também único.
Como tempo de flor
chamando o dia para abrir
aqui o zelo é quem governa o caminho.
Pois se o dia abrir com zelo
é certa a flor
visitando nosso rumo.
Ao menos aos pares
é permitido combinar
o único no diverso.
Combinar que a estrada segue
e tem gente esperando
para receber nosso passo.
Passar o passo é quase um parto
tem merecimento de mutiplicar-se
como aquelas manhãs paridas.
É que os limites
as fronteiras
são também caminhos.
E o caminho mais árduo
é o rumo de dentro da gente
que precisa chegar no outro.
O outro é quem nos sustenta
é quem nos faz caminho
é quem nos caminha.
Segue cada um
como caravana de todos
para se juntar num canto da chegada.
Toda porta vai se abrir
toda janela vai espiar
cada chegar desse rumo.
Rumo ungido em singelo
em simples
que se agradece como amém.
Recebe esse simplicidade
que todo chegar encerra
e que espiga de boa nova.
A gente que anda junto
sempre está pronto para acender
uma nova chama de guia.
Deixar a chama nos lumiar
para seguir junto
nas horas de sós.
Vê que seus olhos são meus
e busca um entender em sede
pois os ávidos são sempre fecundos.
Como é infinito o andar juntos
a cantiga junta sempre se afina
pois cada passo o mesmo compasso.
Para quem escuta o canto do junto
se distingue o passarinho pelo olhar
o canto é só artifício de beleza.
A gente lembra da gente
quando nos dão motivo de andar
e reconhece o quanto falta pra chegar.
Se chegar a hora de fazer outro ir
o que se deixa vai com a gente
o olhar de quem fica vai com a gente.
Nosso rumo é mesmo preso ao sol
que precisa estar sempre estendido
para romper as nódoas.
Se nosso andar dispersar
a lição das pontes entre nós
é capaz de novamente nos juntar.
Riso é mais que alegria entre nós
é o remédio que nos faz iguais
num caminho de diferenças.
In.Saúde da Familia: um retrato. Brasília: Ministério da Saúde,2009
Exposição Lugares Alentejanos na Literatura Portuguesa
Exposição no CPF: Lugares Alentejanos na Literatura Portuguesa
Inaugurar-se-á a exposição de fotografias intitulada “Lugares Alentejanos na Literatura Portuguesa“, no dia 6 de Março de 2010, pelas 16h, no Centro Português de Fotografia (CPF), do Porto.
Esta mostra resulta “do entrecruzar da palavra e do olhar sobre o passado e o presente do Alentejo, que aliam o imaginar de leituras originadas na escrita e o ler de uma crónica originada na imagem. Buscámos, primeiro, o lugar do Alentejo na obra de escritores e poetas portugueses que lhe pertencem por nascença ou adopção e em cuja prosa ou verso reside, ao longo de pouco mais de século e meio, a «viva, obsidiante memória» dos seus lugares e gentes.
(…)
Estes LUGARES ALENTEJANOS foram imaginados e realizados pela ESTAÇÃO IMAGEM, associação cultural sediada em Mora que, através de iniciativas pluridisciplinares de carácter documental centradas no Alentejo, se dedica a guardar, fomentar e divulgar a memória pela imagem.” (in Press Release)
Os autores desta exposição são:
Luísa Ferreira, Bruno Portela, Leonel de Castro, José Manuel Ribeiro, Bruno Rascão, Céu Guarda, Fernando Veludo, Pedro Letria, Luís Barra, António Carrapato, Luís Vasconcelos e Luís Ramos.
A exposição estará patente no edifício da ex-Cadeia de Relação do Porto até ao dia 18 de Abril de 2010.
Será servido um Porto de Honra. Aberto de Segunda-Feira a Sexta-Feira, das 10h às 18h. Nos Sábados, Domingos e feriados, das 10h às 19h.
Para mais informações, consulte o site do CPF.
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Fonte: Olhares
Sinésio Dioliveira - Poema
Na voz do meu verbo
Meu verbo é transitivo
Seu complemento é poesia.
É alado meu verbo
Seu voo não passa das árvores.
Meu verbo não é soberbo
A poucos ouvidos
(Principalmente aos meus)
Se dá por feliz.
Meu verbo não se arruma olhando no espelho
As palavras que o materializam
Têm roupagem de lírios do campo.
Foto by Sinésio Dioliveira - Todos os direitos reservados.
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