Aleksander Wat
(1900-1967)
Vésperas em Notre-Dame
Entra na catedral ao crepúsculo de verão
quando tocam Bach: sois tranquille
sois tranquille, mon âme...
O coral dos vitrais, o luzir das coroas,
línguas chamejantes de cem mil velas
agitarão no ar aquele pólen de cor,
laicizado de maneira tão chã
pelos pintores pós-impressionistas...
Não, não é isso! A luz - Espírito Santo
irrompeu como tempestade através do vidro e do chumbo.
E quando se mistura com a harmonia de Bach,
suscita no ar gamas de cores,
onde cada cor é fogo diferente,
éon sonoro nos prismas do fogo
coral das cores, canto das chamas,
nuvem dos sons no fogo da catedral.
É fogo vivo. Renasce nele
a alma acossada. Fênix morta.
Sois tranquille, mon âme...Sei ruhig, mein' Seel',
sei ruhig
Tradução de ZBIGNIEW WÓDKOWKI (Com modificações; Aproximações, Brasília/Lisboa/Cracóvia, n.4, 1990.)
In. Revista Poesia Sempre. nº 15, ano 15. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2008, p.35.
Imagem retirada da Internet: Catedral
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