História do Brasil em quadrinhos
No meio do Brasil havia um rio
que não tinha margens.
Rio imenso.
A água corria, corria. Correu tanto
que um dia secou.
Apareceram, então, na crosta mole, à flor da terra,
montões de pedrarias de vivas rutilâncias.
O sol brincava com diamante.
Dos barrancos beiçudos,
sangrava ouro, em veios retorcidos.
O ferro relampeava nas jazidas,
que se estendiam em léguas intermináveis.
Deus pensou um pouco:
Será melhor que o ser humano não pegue logo essas riquezas!
Mandou o Anjo Número Um cobrir de terra isso.
Amontou montanhas. Espalhou mato em toda parte.
- Quem quiser essa opulência que a procure!
E escondeu o petróleo mais pro fundo.
Depois disse pro Anjo:
- Vou passar aqui as minhas férias.
Essa terra é mesmo tão graciosa,
sem tufões, sem vulcões, sem terremotos.
E ficou esperando pelos acontecimentos históricos.
II
Um dia,
viu uma naus portuguesas paradas no oceano,
por falta de vento.
Deu um assoprão nas velas murchas.
Vieram logo bater nas costas brasileiras.
Ué, exclamou Cabral, do alto da proa:
Essa terra não existe nos mapas!
Mas, mesmo assim, desembarcaram.
III
E foram chegando outras naus,
com hordas de homem ansiosos de aventuras.
Avançaram terra adentro, à procura de ouro.
Depois avançaram nas tapuias de pele dourada.
Avançaram nas negras de carnes reluzentes,
trazidas em navios negreiros.
IV
E o Brasil foi se fazendo desse jeito,
em grandes misturas,
com violência, estupros e adultérios.
As cortes de Lisboa estavam cada vez mais prósperas.
Enviavam feitores e governadores,
com Alvarás e novas Cartas Régias.
As caravelas voltavam
abarrotadas de açúcar, pau-brasil e ouro.
O Brasil era propriedade de El-Rey.
Mas a colônia desgostosa se agitava,
com revoltas, motins, inconfidências.
Um dia,
o povo oprimido deu um berro:
- Agora chega! Basta de exploração!
Foi um berro pra valer mesmo.
Valeu, tempos depois depois, a nossa independência.
1973
In. Poemas Brasileiros.
Imagem retirada da Internet: Rio Amazonas
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