BOIÁS, O BERÇO ESPLÊNDIDO
1. Em Bóias é preciso que os artistas morram,
para serem vistos e tidos como vivos.
2. Vivos, os artistas não têm valor algum:
são seres de menos valia.
3. Para que despertem do olvido em que vivem,
é preciso que saiam do mundo dos vivos.
4. Sobrevivem e vencem apenas os que,
em vez de se apoiarem no poder da cultura,
vivem encostados na cultura do poder.
5. Vivo, não existo e não sou visto.
Uma vez no oblívio, serei lembrado
pelos outros mortos vivos.
6. Se recordassem que logo estarão mortos,
certos poetinhas e poetastros não falariam tão alto.
“Daqui da terra ninguém sai vivo”.
7. Certos proscênios de artistas
fedem mais do que prostíbulos.
8. No mercado onde tudo se compra e se vende
só os artífices da palavra não têm valor.
Talvez porque os poetas tenhas se tornado invendáveis
porque não estão para se vender.
9.Para as leis de incentivo à cultura
os políticos são o primeiro setor:
os artistas são o último.
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