Primeiro/ Ulysses
O mytho é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mytho brilhante e mudo -
o corpo morto de Deus,
vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos creou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade.
E a fecundal-a decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Respeitou-se a ortografia original.
In. Obra Poética. 9ª ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1984.
Imagem retirada da Internet: Dom Sebastião
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