VIGÊNCIA DA NOITE
OU AURORA
Como um pássaro que passeia devagar na estiva
de um porto qualquer, olhos baços, mente esquiva,
divago na sala, mirando as estrelas da noite que passa.
Para ser um filósofo, em grave silêncio, me falta massa,
temas eternos, mente febril, serenidade no olhar,
imunidade a relógios e o grave prazer de pensar;
me exprimo com o nada, atento aos estertores da vida,
neste espaço que me serve de confortável guarida,
para pensar em mim mesmo, amealhar meus ciclones,
ruídos da alma, como quem reaviva um cemitério de clones.
Como quem mira estrelas cadentes, na noite sossegada,
me estiro no sofá, respiro e realinho as curvas da estrada,
mais próximo de mim, inumeral, distante do mundo,
sem ser nenhum gênio, mago, de pensamento profundo.
Com um livro na mão, revista ou jornal, um copo de vinho,
converso comigo, meus dias e noites, com saudades de mim.
Ou com o que me resta de sustos, recompondo os cristais,
que a vida quebrou, o vento levou e, no entanto, quer mais.
E com tantos sentimentos vivos que me correm na veia,
na noite diversa, como um grão que se desprende da areia,
medito estendido no sofá desta sala como sempre agradável,
sempre calma, sem calor de emoções, sem tempo instável.
Enquanto a amada que vigia meus sonos dorme no quarto,
ouço na caixa de som alguém a dizer-se de sonhos farto;
eu próprio, em meu canto, me alimento de perdas também,
por minhas estivas mentais aguardo a madrugada que vem.
O vento lá fora rebenta vidraças, em plena alvorada;
cá dentro divago, espio a noite. Não espero mais nada.
divago na sala, mirando as estrelas da noite que passa.
Para ser um filósofo, em grave silêncio, me falta massa,
temas eternos, mente febril, serenidade no olhar,
imunidade a relógios e o grave prazer de pensar;
me exprimo com o nada, atento aos estertores da vida,
neste espaço que me serve de confortável guarida,
para pensar em mim mesmo, amealhar meus ciclones,
ruídos da alma, como quem reaviva um cemitério de clones.
Como quem mira estrelas cadentes, na noite sossegada,
me estiro no sofá, respiro e realinho as curvas da estrada,
mais próximo de mim, inumeral, distante do mundo,
sem ser nenhum gênio, mago, de pensamento profundo.
Com um livro na mão, revista ou jornal, um copo de vinho,
converso comigo, meus dias e noites, com saudades de mim.
Ou com o que me resta de sustos, recompondo os cristais,
que a vida quebrou, o vento levou e, no entanto, quer mais.
E com tantos sentimentos vivos que me correm na veia,
na noite diversa, como um grão que se desprende da areia,
medito estendido no sofá desta sala como sempre agradável,
sempre calma, sem calor de emoções, sem tempo instável.
Enquanto a amada que vigia meus sonos dorme no quarto,
ouço na caixa de som alguém a dizer-se de sonhos farto;
eu próprio, em meu canto, me alimento de perdas também,
por minhas estivas mentais aguardo a madrugada que vem.
O vento lá fora rebenta vidraças, em plena alvorada;
cá dentro divago, espio a noite. Não espero mais nada.
Imagem retirada da Internet: aurora
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