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De choros, sargaços e avencas
Chorar
chorar tão longamente
como se a infância nos regasse ainda
como se o choro contivesse em si
o instante mesmo do parto do mundo;
a ternura crescendo entre avencas
brotando dos olhos dos homens.
Chorar tão longamente
como se ainda nos legasse a infância
velhos desejos, veleidades sólidas
apedrejadas pelo peso do nada.
Chorar tão longamente
até que a dor arraste para o fosso
o sal da culpa, os sargaços,
filhos do choro das pedras
e a compaixão nos conforte em silêncio.
Chorar tão longamente
as borboletas pousadas nos olhos
e um soluço líquido, incontido
arrebentando a represa das mãos.
O meu primeiro verbo foi
chorar.
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