Soneto V
Vênus tão clara, pelo firmamento,
Escuta a voz que em queixas cantará,
Enquanto o rosto teu cintilará,
O seu cansaço e custoso tormento.
Meu olho vela em vigília a contento,
E ao te ver muito pranto verterá
Sobre meu leito mole, e o banhará,
Disso teus olhos têm conhecimento.
Pois são humanas as almas cansadas
Em seu repouso e sono apaixonadas.
Já não suporto o Sol e seu fulgor:
E quando estou quase toda desfeita,
E que meu corpo no leito se deita,
A noite toda eu choro minha dor.
Tradução de Felipe Fortuna
In. Louise Lambé: amor e loucura. São Paulo: Siciliano, 1995, p.178.
Imagem retirada da Internet: Afrodite
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