Não há acesso público aos livros, cuja maioria foi editada entre 1780 e 1860; falta climatização e sistema anti-incêndio
"IMPRESSIONANTE"
O adido cultural da Alemanha, Holger Klitzing, conheceu o acervo, que ele considera "impressionante", após análise feita em 2006 pelo professor Willi Bolle, da USP (Universidade de São Paulo).
"É possivelmente a mais importante biblioteca goethiana na América Latina. Há uma série de edições originais e de capricho estético especial", disse Bolle.
Marcus Mazzari, professor de teoria literária da USP e membro da Associação Goethe do Brasil, diz desconhecer outro acervo tão completo no país.
A maior parte da coleção é formada por livros em alemão gótico seiscentista, além do contemporâneo, e ainda em inglês, francês, italiano, espanhol e português.
Há obras do final do século 17, algumas artesanais e ilustradas a ouro. A maioria, editada entre 1780 e 1860.
"A direção da biblioteca admitiu que as condições para a conservação não eram ideais", relatou Bolle.
Em nota, o Ministério da Justiça contradiz a versão da chefe da biblioteca e afirma que os livros, disponíveis ao público, são submetidos a "técnicas de conservação" e estão em "local adequado".
GERMANÓFILO
A coleção goethiana foi organizada pelo médico e professor carioca Fernando Rodrigues da Silveira, morto em 1970. Germanófilo, ele adquiriu parte dos livros diretamente na Alemanha.
Após a morte de Silveira, sua filha pôs a coleção à venda. A livreira Margarete Cardoso, 69, que atua com obras raras desde 1960, participou da negociação, em 1971, feita pela livraria Kosmus, no Rio.
"O então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, frequentava a livraria e gostou muito dos livros", conta Margarete. O ministério pagou pelos mais de 6.000 volumes Cr$ 80.000, valor que hoje equivaleria a quase R$ 70 mil -o preço real, estimam livreiros, seria muito maior.
Segundo documento interno do ministério, a coleção está subutilizada pelo menos desde 1981. O governo, agora, afirma que vai restaurar tudo até o final de 2011 -talvez fazendo justiça à frase de Goethe: "Também os livros têm sua vivência, que não lhes pode ser subtraída".
Fonte: Folha de São Paulo
Imagem retirada da Internet Goethe
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