The Dance Of the Intellect among Words
(Os Brinquedos de Jó Zezinho) - Parte II
Em face do que se me oferece, passo
dois dedos de prosa da província
e suas diversas espécies de carrapatos,
algumas carcaças de tatu-ninja,
uma rima fácil e um verso fóssil:
troco pelo salto-mortal duma pipoca,
e um pouco de sal no algodão-doce.
Oh, me não tomem por pedante ou arrogante,
antes pela inquietude impertinente,
ou pertinência da arte.
Por cacos de bricabraque,
a louça de quem brinca, Mandrake,
e amiúde se corta.
O corte, que importa,
se a morte é a vida que nos brinca?
E como figurar-se, de resto,
num velório de moscas,
quando se trata de uma festa
que se começa onde acaba
e se acaba onde começa?
Riverrun, Dublin,
firinfinfinnegan
Se sabonete vale quanto pesa,
e vale uma grosa doze dúzias,
pese-me o que valha a grisalha glosa
- o gozo do ferro-gusa - ,
e me guarde o velho anjo da vanguarda,
ou valha-me zombeteira gralha:
bumerangue me não jogue grogue no ringue,
com a groselha de uma droga.
Oh, me não beba o sangue
nenhum sargento-buldogue,
a soldo de um dogma,
nem me afogue no mangue
uma guangue de dobermanns,
e me não comam as sobras
os açougues da vida.
Minha vida é um brinquedo,
meu nome é Jó Zezinho.
Brinco na dança do intelecto,
brinca o homem com o poeta,
e o menino se completa.
Depois, vira passarinho.
In.A Dança do Intelecto. (Coleção Caliandra). Valdivino Braz. Goiânia: Kelps/SMC,1996, p.28-29.
Foto by Frederico R. de Abranches Viotti
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