Valdivino Braz
The Dance Of the Intellect among Words
(Os Brinquedos de Jó Zezinho) - Parte I
Gertrude, Gertrude,
me não ponhas em bocas matildes,
pois uma rosa é uma rosa,
outra coisa uma glosa,
logopéia para Ezra Loomis Pound,
pífias epifanias para Jesse James Joyce.
A rose is a rose
já é feijão com arroz,
ou vinícia rosa com cirrose,
e mais vale um pombo de chumbo voando
rumno a Plutão,
do que a glória de doze césares
com osteoporose na mão.
Nada de novo no frontispício das obras,
além dos fátuos frangos de vanguarda
e um telhado de urubus po(u)sando de pombo.
Tudo redondo feito losango.
O ovo é o óbvio, cuzido ou cru.
A rosa é a roça do povo, a pedra, a vida,
no caminho de Drummond.
Oui, oui, o trem já passou por aqui
- object-trouvé, dejà-vu -,
c'est la vie que nem sempre é toujurs,
e vamos todos plantar chuchu.
Contudo,
um punhado de dedos dados ao lance
é olho de lince na pinça da percepção:
trespassa a mesmice
- insossas conversas difusas -
e mostra com quantas volutas se dança
a valsa na rosca do parafuso.
Mais que asas à imaginação,
dê-se imaginação às asas -
quase a mesma coisa,
salvo a pendular sutileza.
Há uma festa nos refolhos da rosa,
na íris inquieta do prisma,
no calidoscópio das coisas -
voilà! la même chose.
A dança da rosa na rosca vertiginosa
- as formas da dissonância, in essentia -
tergiversa e faz a diferença.
In.A Dança do Intelecto (Coleção Caliandra).Valdivino Braz. Goiânia: Editora Kelps, 1996, p.26-27.
Imagem retirada da Internet: Luz
gostei muito do seu poema
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