Pedra, flor e pó
O que sabe da pedra,
a flor, para ignorá-la?
Desconhece a solidez de sua estrutura,
a sua natureza de rocha,
para brotar destemidamente nas brechas
do asfalto,
nas sacadas de prédios,
desafiando o concreto,
concretizando seu sonho
- o de ser flor, simplesmente flor,
sem compreender a dureza do que lhe é exterior.
O que sabe da flor,
a pedra, para deixá-la brotar no seu corpo,
enraizar-se nas suas fendas,
protegê-la de sua dureza,
de sua empedernida existência?
O que sabe da flor e da pedra,
o homem, para levá-las consigo
no seu momento de espanto,
em pensamentos e encanto?
O que sabe da flor, da pedra, e do homem,
o poeta, para eternizá-los nos seus versos,
a despeito dos outros homens com suas vaidades
e desprezo:
pela flor,
pela pedra,
pelo homem ?.
Foto by Sinésio Dioliveira: Flor no Asfalto.
Eu apenas vi as flores no asfalto. Vislumbrei o que viu com profundidade. Que poema maravilhoso, Chico.
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