Soldado ucraniano Pavel Kuzin foi morto em Bakhmut - Fonte BBC |
Urubus sobrevoam e pairam no céu de Goiânia.
O céu, que céu? Não há céu, só o escuro sideral.
Nuvens são nuvens, ao léu, níveas ou negras.
Que nuvem nos encobre? De sobra, todas elas,
redoma de carbono que nos rouba as estrelas.
Nuvem nívea nenhuma nos quer, sequer se a queiramos.
E querer nuvem negra, quem há de? Vade retro
o espectro, sombra de sobressaltos. E não há destino,
só desatino. Os urubus abrem asas como aeroplanos,
mísseis ou foguetes, e não são poéticos. E não são mágicos,
os trágicos telhados das casas cá embaixo.
Planam urubus lá em cima, no cume acima do mundo
pelo avesso. Cúmulos-nimbos, nuvens de chumbo.
Urubus não são pombos. São negros morcegos de fogo,
s(putin)iks incendiando o coração soberano da Ucrânia.
Soldados de Volodymyr Zelensky resistem à insânia,
artefatos de raios sangrentos, infame afronta de chamas.
Apelo da Primeira Dama ucraniana Olena Zelenska
à ONU: que se instale um tribunal especial para os crimes
de agressão e violação dos direito humanos,
valendo para o mundo todo. Yes You can, você pode, ONU.
Si, se puede, o lema/slogan de Dolores Huerta,
ativista pelos direitos civis, líder sindical norte-americana,
co-fundadora da United Farm Workers of America —
União Nacional dos Camponeses, trabalhadores rurais,
que só querem da vida os frutos da terra e a paz.
Yes you can. Si se puede, Nações Unidas.
Urubus ou abutres não são anjos no céu,
são armas como aves de rapina da vida civil.
Hediondos, os crimes não saiam impunes, puna-se
a insana sanha de sangue — em suma, assassina .
Viva Zelensky e seus guerreiros pela bravura da resistência.
Viva Olena, dama magnânima, pela essência do discurso.
Encarna longânime ideal de servir à Ucrânia,
pugna para que se julgue e se puna os crimes de guerra
contra a vida humana, soberanas as nações da Terra.
Viva a Ucrânia pela pertinácia de suas forças
no enfrentamento à insânia geopolítica e perversa.
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Goiânia, 26 de fevereiro, 2023. Casa do Mané (bar e cardápio nordestino) – Jardim América.
Valdivino Braz é jornalista, escritor e poeta.