O céu é dos pássaros, mas a todo instante eles se chocam com aviões, no instantâneo dos sonhos, e se arrastam como cavalos selvagens. Assestei meu olhar para lá do que eu podia discernir, até atingir os seus cantos, até que um silêncio de estrondo apagasse o meu coração, quando as pedras borradas de sangue formaram dissonantes acordes como flores devotas em precipício. Eu joguei pedra nos pássaros, mas eles nunca explodiram, só aí me dei conta: Só sobraram os aviões, essas máquinas de fogo, voando a jato, num lapso de tempo, tão mortíferas como o veneno da rastejante serpente que sonhou comigo. Assim, apesar da fome que a mim me consumiu, senti inveja dos pássaros, emudecido me pus, a ouvir o lamento dos aviões, quando cruzaram o instante da minha ignorância. Agora me pergunto: para onde foram todos os passarinhos, que o meu olhar tão pálido não vê? Só ouço ruídos e um vazio de avestruz. @franciscopernafilho
Foto: Os pássaros no céu - Pixabay.com
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