Ecce Homo
Ecce Homo
Aforismo
A Arte da Prudência - Aforismos
São os pólos que fazem luzir os predicados.outra é apenas meia felicidade. Não bastaser inteligente; é preciso também ter ocaráter apropriado. O tolo fracassa pordesconsiderar sua condição, posição,origem, amizades.
Conhecimento e coragem se alternam na grandeza.Sendo imortais, imortalizam. você é o tanto quanto sabe, ese for sábio capaz de tudo. Homem sem saber, mundo às es-curas. Discernimento e força; olhos e mãos. Sem valor,a sabedoria é estéril
Tão simples
Francisco Perna Filho
São simples as coisas,
alegres e tristes,
como nós.
Trazem o sabor
e o olhar
de quem lhes dá atenção.
São de cores variadas,
como o pensamento.
Vagam livre,
não sonham,
apenas
vivem.
Imagem:http://www.magiazen.com.br/wp-content/uploads/2009/02/pedras.png
Do Presente
Duplo
Trânsito
SAGRADA CEIA
GOIÂNIA
como num eco, repetidas vezes,
nesse corredor vazio da Avenida Anhanguera,
nas mortes irrelevantes da Rua 90,
nos banheiros pobres da periferia
encardidos de amor barato,
de retalhos e esperanças,
cheirando a naftalina e eucalipto.
Eu contabilizo a tua dor
Nos barracões de lona preta,
Nas casas sem porta,
E nas goteiras da tua ilusão.
Eu vejo o olhar iluminado do césio 137
passeando num velho Fiat
pelas ruas esburacadas do nosso desencontro e,
deslumbrado, contemplando a natureza morta
nas tuas curvas e viadutos.
Eu choro o teu abandono,
o teu desprezo,
a tua impotência,
nos olhos paralisados dos meninos de rua,
tão vermelhos quanto os semáforos da Avenida Mutirão,
e mastigados pela cola que os consome.
Eu sofro com os teus vagidos
nas obscuras celas dos teus presídios e manicômios,
e na pálida alegria das tuas garotas de programa,
ao se sentirem importantes nas páginas dos classificados,
postadas como estampas de alguma correspondência barata.
Vejo-a daqui de cima, do Morro do Além,
e a fumaça que sobe dos teus prédios é da cor da alma dos teus algozes.
Vejo os teus mortos e desabrigados,
desiludidos e aviltados,
chorosos e maledicentes ao se virem enxotados de suas ilusões.
Goiânia,
Talvez o meu canto, de natureza triste,
de escombros e revoltas,
Pareça uma ofensa, mas não.
O teu lado belo, da Art Déco, todos conhecem.
As tuas praças floridas,
Tuas avenidas,
Os bairros nobres e condomínios fechados,
Já não são novidades.
Os teus hospitais, centros de excelência,
Tuas catedrais,
Teus palácios,
Aeroporto,
Rodoviária e shoppings.
Tudo isso nos enche de orgulho,
Mas não podemos quedar-nos diante do feio,
Da corrupção,
Do desmantelo.
Goiânia,
A tua história é canto de toda gente,
De todos os cantos,
De todos os povos,
Que aqui chegaram,
Vindos de outras terras,
Com olhares vários,
Com sonhos, costumes e tradições,
Deixando para trás o berço,
A família e o olhar,
Porque foste a eleita e,
Por ser assim, é que te queremos mais amada,
Menos amarga,
Porque fazes parte do mundo,
Porque trazes uma parte e uma fala de cada povo,
E em ti estão as feições de uma sociedade cosmopolita.
POEMA HOMENAGEM
New York
O pássaro
vê a cidade
Lentamente/ letalmente
Mergulha.
O pássaro
É de metal
E só percebe o próprio vôo,
Desconsiderando as cores
E os sonhos que carrega.
O pássaro vê
Mas não ouve.
A cidade ouve
A vida imita a arte:
O pássaro explode
Em chamas,
A cidade
Chora escombros.
TRANSFORMAÇÃO
AUTOBIOGRAFIA
Francisco Perna Filho
Nasci,
tomei conhecimento do mundo
e de mim.
Além dos outros,
somente eu:
UM.
Um a contabilizar os dias,
os goles e os livros,
a jurar amores
às cartomantes.
A correr sem medo,
sem dinheiro e sem rumo,
espantava a velhice escovando as horas.
Quando cresci,
fui jogado no mundo,
bati com a cabeça na vaidade alheia,
conheci mulheres
e espelhos,
e descobri-me sobrevivente
ao brindar com o inimigo.
Acumulei perdas
e desilusões.
Talvez, por ter nascido bem mais tarde,
não me calaram a voz.
Chorei.
Persegui amores,
como os cães do interior
perseguem carros:
uma luta vã.
Sobrevivi,
tive bem mais sorte
do que o Latim.
Historicamente me fizera,
na repetição dos dias
e dos filhos,
descobri o amor.
Foto by Tainá Corrêa
URBANO
SHOW DE GRAÇA
Leia também
Valdivino Braz - Poema
Soldado ucraniano Pavel Kuzin foi morto em Bakhmut - Fonte BBC Ucrânia em Chamas - Século 21 Urubus sobrevoam...