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Lara de Lemos - Acervo da PUC RS |
DO QUE PASSOU
Não me tragam memórias
de velhos tempos idos.
Deixem-me a sós comigo.
Cada poema tem o seu motivo,
cada gota de vinho tem seu travo
que não se repete noutro copo.
É preciso degustá-lo
sem agravos
e esquecer o que não foi bebido.
In. Dividendos do tempo. Porto Alegre, 1995.
Sobre a autora
Poetisa, jornalista, advogada e professora, Lara de Lemos, quando morreu, em 2010, tinha 87 anos e era natural de Porto Alegre. Órfã de pai e mãe aos cinco anos, Lara Fallabrino Sanz Chibelli de Lemos foi criada pela avó em Caxias do Sul. Formou-se em História, Geografia, Pedagogia, Jornalismo e Direito, com especialização em Literatura Inglesa e Contemporânea pela Southern Methodist University, Usa.
Atuou como professora, tradutora, poeta e jornalista, de forma intensa e combativa, sofrendo as conseqüências do regime militar instaurado em 1964, que a obrigou a interromper a carreira jornalística, tendo, inclusive, seu primeiro marido sido preso e, posteriormente, seus dois filhos. Ela residia em Nova Friguro, no estado do Rio.
A estreia de Lara de Lemos como escritora se deu em 1955, na Revista do Globo para a qual escreveu contos. Em 1958, passou a colaborar para o Correio do Povo e, mais tarde, para muitas outras publicações, como Última Hora, Jornal do Brasil,e Tribuna da Imprensa. É autora, junto com o ator Paulo César Pereio, do Hino da Legalidade , em 1961, de defesa à posse de João Goulart na presidência da República.