Por pouco não me engasguei no sábado passado. E talvez até coisa pior! Não foram as pernas bem lapidadas de uma moça a causa. Ela estava no restaurante onde eu me encontrava acompanhado de dois amigos, nos deliciando com um tucunaré assado. A beleza estonteante da moça não se limitava às pernas, que se destacavam e assim magnetizando muitos olhares (até femininos). Beleza nela era algo abundante. Sua boca, puro abismo de volúpia. Não vi seus olhos, estavam escondidos atrás de um Ray Ban Aviador; talvez fossem “oblíquos e dissimulados”. Vestia uma bata branca e uma bermuda jeans curta com as barras desfiadas, o que lhe dava um ar de rebelde. Interessante que os detalhes dos pés me escaparam... Foi a reação do namorado dessa moça que quase me fez engasgar. Mas, por favor, caro leitor, não se adiante na história e vá tirando conclusões precipitadas quanto a essa reação do namorado.
As pernas da moça me trouxeram o “Poema de sete faces”, de Carlos Drummond de Andrade, mais precisamente a parte em que o poeta diz:
"O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.”
Elas (que não eram das cores das pernas do poema, mas morenas) me levaram a fazer uma construção diferente: em vez de perguntar, justificá-las: “Ainda bem tantas pernas, meu Deus!” E há também os Perna, sobretudo o filho (o nosso querido Chico Perna), cuja pena traz ao mundo poemas de inundar noss´alma de alegria.
Tomara que Drummond não se revire no caixão. E não é tão-somente pelo aspecto sexual delas que meti bedelho no poema. É muito por isso (e o ministro José Gomes Temporão que o diga após seu conselho medicinal ao combate à hipertensão), mas também pela importância física das pernas, pelo fato de serem nosso meio de locomoção. E há também o lado profissional das pernas. Mas esqueçamos as garotas de programa e pensemos nos garotos da seleção brasileira, que afinal, no jogo de domingo, nos proporcionaram uma alegria de mais qualidade no jogo contra a Costa do Marfim. Foi uma alegria reles a vitória de
Já que estamos falando em pernas e o ministro Temporão entrou no assunto, cabe dizer que o presidente Lula, o “garanhão de Garanhuns”, disse sábado último, em Festa Junina na Granja do Torto, que está seguindo a receita do ministro, proporcionando cinco dias picantes à primeira-dama. Uma mentirinha a mais do presidente não faz mal. Ainda mais que ele (certamente torto) estava numa festa onde rola muito quentão e outros birinaites, e tais coisas, conforme o poema, “botam a gente comovido como o diabo.” Essa “alegria carnal” de dona Marisa agora também poderá se estender a outras mulheres, haja vista que a patente do viagra caiu, e isso vai levantar o ânimo de muitos homens que não andam sem pólvora na espoleta e assim fazendo as mulheres roerem unhas ou outra coisa...
Voltando à moça. Ela e o namorado, que bebiam com amigos numa mesa ao lado da minha, iam ao banheiro juntos. Na segunda vez em que foram, aconteceu o sururu: cinco caras, já entupidos de cerveja e assim diabolicamente comovidos, mexeram com ela, que veio do banheiro na frente do namorado. Vendo a investida “sexotroglodítica” dos caras, o namorado apenas encarou-os colericamente. Não se dirigiu à mesa em que estava, mas ao seu carro e voltou ao restaurante com um trabuco debaixo da camiseta. Então pensei: “vai rolar paletó de madeira nesta confusão”. Só que ele (ainda bem) não foi à mesa dos caras, (que engoliram a língua), ficou na calçada chamando-os para briga e dizendo-lhes palavrões de deixar a finada Dercy Gonçalves com vergonha.
Como as caras não reagiram, ele ordenou à namorada se levantasse da mesa (o que ela obedeceu rapidamente) e fosse embora com ele. Minutos depois, quase todas as viaturas da Polícia Militar apareceram no local.