Gerardo Mello Mourão
NASCIMENTO DE AFRODITE
Galpopam os cavalos
coroados de rosas
pela aurora da China
as éguas de esmeralda
as poldras de ouro
amadurecem, Laura,
o jade das laranjas redondas.
Caminha agora
recorta o azul
sobre as águas perplexas.
Os cavalos
esmorecem ressupinos
e em seus cascos nas águas
os ginetes
pedem às ondas
e as ondas suplicadas
guardam o milagre:
por esse rastro
peregrinos
do azul do verde das espumas
- espera -
em torno às flautas
aura
Laura
até o serpentário
de teus cabelos
de onde
virias com -
digo virias
na virilha
flutuas
tuas
auroras tuas caravelas
o sargaço das cristas
pois deste mar
- ó madrepérola! -
tu flor
tu fruto
coisa de luz
coisa de sombra
coisa
de galoparem cavalos
coroados de rosas
pela aurora da China
quando
sacodes as laranjas
e as poldras
amaduram o ouro
pendem as estrelas
e a terra
desabrocha
à primavera:
vais olhando em redor
e
para sempre
sou eu
pois és nascida.
Pequim, 1980
In.Cânon & Fuga.Rio de Janeiro: Record, 1999,p.89.
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