Allen Ginsberg - Poema





Arte é ilusão, pois eu não ajo


Fico ou Parto – com constante alegria
Meus pensamentos, embora céticos, são sagrados
Santa prece para o conhecimento ou puro fato.

Então enceno a esperança de que posso criar
Um mundo vivo em torno de meus olhos mortais
Um triste paraíso é o que imito
E anjos caídos cujas asas perdidas são suspiros.

Neste estado não mundano em que me movimento
Minha Fé e Esperança são diabólica moeda corrente
Em mundos falsificados, cunho pequenos donativos
Em torno de mim, e troco minha alma por amor.


Tradução Cláudio Willer



Imagem retirada da Internet: Allen Ginsberg

François Villon - Poema




BALADA DA GORDA MARGOT





Se amo e sirvo a dama de bom grado,
Pensareis que sou vil e cabeçudo?
Ela faz tudo que é do meu agrado,
Por seu amor eu cinjo adaga e escudo.
Se vem cliente, a um trago mais graúdo
De vinho me recolho, a um canto perto.
De água, pão, fruta e queijo faço oferta.
“Bene stat” – eu digo a quem mais vaza –
“E volte sempre se embaixo lhe aperta,
Aqui neste bordel que é a nossa casa.”

Mas ocorre que as coisas ficam pretas
Quando sem prata vem dormir Margot.
Mal posso vê-la, de ódio às suas tretas.
Tomo cinto e jaqueta, e o que mais for.
E juro que me servem de penhor.
Ela, punhos nas ancas “Anticristo!”
Grita e jura por Nosso Senhor Jesus Cristo,
Que não dará. Com um pau lhe quebro as asas
E em seu nariz lhe gravo o meu escrito
Aqui neste bordel que é nossa casa.

Depois vem paz e solta um peido bruto,
Venenoso qual sapo dendrobata.
Logo me acerta, rindo, o cocuruto:
“Vem vem, neném”, nas coxas me arrebata.
E dormimos qual saco de batatas.
Pela manhã quando lhe ronca o ventre,
Monta em mi, antes que se gaste dentro
Seu fruto. Gemo – e em cinza faz-se a brasa:
De tanto futucar, eu me desventro,
Aqui neste bordel que é nossa casa.

Vente, chova, neve – e o meu pão foi cozido.
Igual às marafonas, sou servido.
Lá, mau gato a mau rato, bem medido –
Lado a lado – se sabe a maior rasa?
Onde lama é amor, amor é lama.
Nem quer-se a honra ou ela nos reclama
Aqui neste bordel que é nossa casa.

Tradução de Sebastião Uchoa Leite





In. François Villon/Poesia. Edusp, 2000
Imagempintura de Fernando Botero, pintor e escultor colombiano.

François Villon - Poema



Balada dos Enforcados




Irmãos humanos que depois de nós viveis.
Não tenhais duro contra nós o coração.
Porquanto se de nós, pobres, vos condoeis.
Deus vos concederá mais cedo o seu perdão.
Aqui nos vedes pendurados, cinco, seis:
Quanto à carne, por nós demais alimentada.
Temo-la há muito apodrecida e devorada,
E nós, os ossos, cinza e pó vamos virar.
De nossa desventura ninguém dê risada:
Rogai a Deus que a todos queira nos salvar!

Chamamo-vos irmãos : disso não desdenheis.
Apesar de a justiça a nossa execução
Ter ordenado. Vós, contudo, conheceis
Que nem todos possuem juízo firme e são.
Exculpai-nos – que mortos, mortos, nos sabeis -
Com o filho de Maria, a nunca profanada;
A sua graça, para nós, não finde em nada,
No inferno não nos venha o raio despenhar.
Ninguém nos atormente, a vida já acabada.
Rogai a Deus que a todos queira nos salvar!

A chuva nos lavou, limpou-nos, percebeis;
O sol nos ressequiu até à negridão;
Pegas, corvos cavaram nossos olhos – eis! -,
Tiraram-nos a barba, a bico e repuxão.
Em tempo algum tranqüilos nos contempiareis:
Para cá, para lá, o vento de virada
A seu talante leva-nos , sem dar pousada;
Mais que a dedal, picam-nos pássaros no ar.
Não queirais pertencer a esta nossa enfiada.
Rogai a Deus que a todos queira nos salvar!

Príncipe bom Jesus, de universal mandar,
Guardai-nos, ou o infemo nos arrecada:
Lá nada temos a fazer, nada a pagar.
Homens, aqui a zombaria é inadequada:
Rogai a Deus que a todos queira nos salvar!


Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos


In.Poemas de François Villon. São Paulo: Art Editora, 1986.





João Bonifácio - Ensaio Crítico


 


Raymond Radiguet: o regresso do mais odiado




A vida de Raymond Radiguet foram 20 anos e o tifo a ceifá-lo depois de um jorro de mulheres, escândalo, ódio popular, escrita fria e as inevitáveis comparações com Rimbaud. O seu romance de estreia, "Com o Diabo No Corpo", escrito em idade precoce, volta a estar entre nós.

Foi-se embora com a mesma pressa com que surgiu e enquanto cá esteve nunca abrandou, nunca olhou para trás ou sequer para os lados: escreveu, escreveu e, consta, viveu com a ferocidade dos audazes ou dos escolhidos.

E depois já lá não estava.

Deixou um rasto de escândalo, obras por publicar, amigos fraternais, ódios extremos e amores, muitos amores vividos com celeridade e sangue quente. Com coração frio, dizia Cocteau - seu protector e, constam as más línguas, amante -, mas com sangue quente. Deixou, também, um livro de poesia publicado ainda em vida, bem como um romance, que espoletou iras e o tornou famoso, "Le Diable au Corps" - que finalmente pode ser lido em português, graças à tradução que a Relógio D'Água agora publica. Na sua arca póstuma, pequena em termos pessoanos, jazia um romance inédito mas acabado, "Le Bal du Comte D'Orgel" e mais alguma poesia.

Ainda que escassos como corpo literário, esses dois romances foram mais do que suficientes para inscrever o nome de Raymond Radiguet no cânone ocidental. Chamaram-lhe "o novo Rimbaud", e de entre todos os candidatos ao lugar de novo Rimbaud talvez ninguém tenha desempenhado o papel tão bem. Mas quem não faz os seus juízos depender das suas inseguranças intelectuais, e portanto não submete a sua ordem racional à frigidez marmórea do cânone, pode sempre argumentar que Rimbaud não foi mais do que um adolescente talentoso com propensão para o histrionismo, ao passo que Radiguet - todo ele drama - tinha um raro poder de análise da luta travada entre o Superego e o Id, para usarmos os termos canónicos de Freud. A prova encontra-se não na poesia, mas nas escassas cento e poucas páginas de "Com o Diabo No Corpo".´

Ordem para morrer

"Ouve-me", disse Radiguet a Cocteau numa noite de Dezembro de 1923, "tenho uma coisa terrível a dizer-te: dentro de três noites serei morto por soldados de Deus".

Isto não deve ser lido como um dos típicos mitos românticos que povoam a literatura, tornando-a em pobre circo desses mistérios simplórios a que se reduzem as obras com recurso a adjectivos como "génio" ou " alma ". Isto era o tifo, que apanhou Radiguet aos 20 anos, quando ele já era um romancista conhecido - e rico - à conta de "Com o Diabo No Corpo". Os soldados de Deus vieram pouco depois, a 12 de Dezembro: segundo a descrição de Cocteau, Radiguet disse "A ordem foi dada" e depois acrescentou "Eu ouvi a ordem".

Após mais duas ou três frases sem sentido, Radiguet estava morto. No entanto, em escassíssimo tempo ele tinha conseguido não só atormentar a França que gostava de decoro como também uma boa parte dos indecorosos - entre outros, Hemingway não o gramava nem a tiro, acusando-o de usar o corpo para ascender no reino da literatura. Ao que parece, Radiguet mantinha relações homossexuais com este ou aquele escritor (Cocteau à cabeça) enquanto passeava o seu corpo jovem mas experimentado por todas as raparigas que lhe aparecessem à frente.

Não era uma criança frágil perante o mundo, mas também é inconcebível que fosse um cínico (como à altura lhe chamaram, muito por causa do tom do narrador de "Com o Diabo no Corpo"): a experiência de viver nitidamente espantava-o e tudo em que tocou, tudo o que desejou, sentiu ou pensou, foi alvo de análise. Acontece que Radiguet, tendo o sangue quente (vivendo depressa e muito, ou deixando um cadáver bonito), pensava frio: era um analista sem piedade da experiência humana, retratando sem pudores cada oscilação de humor, cada indício de crueldade ou egoísmo que subjaz às acções de cada indivíduo.

Acerca da sua morte, Cocteau escreveu: "Não acusem o destino. Não falem em injustiça". Estava convencido de que Radiguet pertencia àquela raça que chega, vê, vence e se esvai, num processo de combustão que faz de um dado homem o seu próprio combustível. Há outra razão - menos sentimental - para Cocteau desejar que não se fale em injustiça. É que, escreveu, o coração de Radiguet era "duro e, como um diamante, impenetrável a qualquer toque". O coração de Radiguet precisava de "fogo e outros diamantes" e "permanecia indiferente a tudo o resto".

No entanto, nada na sua genealogia previa tamanhos talentos, tamanha indiferença glaciar perante esse mundo que atravessou a velocidade estrepitosa. Ou pelo menos, nada que saibamos, já que o seu crescimento permanece envolvido em mistério.

Radiguet nasceu em 1903, em in Saint-Maur-des-Fossés, uma terreola a cerca de dez quilómetros de Paris. Pouco mais se conhece da sua infância além da ascendência paterna: era filho de um caricaturista não propriamente célebre. Sabe-se que desde cedo Radiguet escrevia e desenhava, mas não consta que o seu talento para esta última disciplina fosse mais do que razoável.

Era o mais velho de sete irmãos, facto que surge (com maior ou menor precisão no número de irmãos) em "Com o Diabo No Corpo". Não é a única coincidência biográfica entre a obra e a vida. Em "Com o Diabo No Corpo", que, para todos os efeitos, pode ser visto com um romance de iniciação, o protagonista - um adolescente com tremenda consciência de si, que relata os factos na primeira pessoa - não abandona os estudos, mas mesmo assim está livre da escola (à excepção de um breve período): por uma série de razões estuda em casa e tem muito tempo livre para se iniciar nas artes do amor, isto pela simples razão de ser um jovem sobredotado que consegue estudar em quatro horas o que leva aos outros dois dias.

O herdeiro de Rimbaud

Na prática, na vida, corria o ano de 1918 e Radiguet mudou-se para Paris, onde começou de imediato a colaborar com jornais e revistas. Fez parte de círculos artísticos ligados à pintura: Picasso contava-se entre os amigos e Modigliani pintou-o de forma comovente: é no traço elíptico de Modigliani que nos apercebemo da beleza de Radiguet.

Obviamente que, sendo um homem de letras, a poesia também fazia parte da sua dieta e do seu círculo social. Escreveu na revista "Sic", onde pontificavam os surrealistas (Breton e Aragon à cabeça), e pouco depois editava o seu primeiro livro de poesia, "Les Joues En Feu", que saiu em 1920 mas estava acabado desde uns precoces 15 anos. O facto de o livro não lhe ter valido de imediato o epíteto de "génio" tê-lo-á enfurecido, e terá sido aí que nasceram as comparações com Rimbaud: diziam-lhe que até o amante de Verlaine tinha esperado até aos 17 anos para escrever uma obra-prima. No entanto, é incerto que Radiguet tivesse mesmo os poemas escritos aos 15, bem como incerta é a sua reacção (há registos contraditórios).

Aos 20, Radiguet isola-se numa pequena terra perto de Toulon e escreve "Com o Diabo No Corpo". Hoje pensa-se que Cocteau, que por esta altura já era o seu mentor, terá tido um papel essencial na edição do texto. Hoje sabe-se também que por esta altura já abundavam os rumores de que a relação se estendia da mente para o corpo, ao mesmo tempo que se acumulavam alusões a uma certa promiscuidade de Radiguet com o belo sexo e estudos posteriores indiciam que o grau de autobiografia das suas obras ficcionais é maior do que se imaginava - pensa-se mesmo que a famosa cena de "Com o Diabo No Corpo" em que o jovem anti-herói arrasta, por capricho, a sua amante grávida pelas ruas de Paris à chuva seja verdadeira.

Igualmente se diz que "Le Bal du Comte D'Orgel" tem traços similares com a biografia de Radiguet, o que simultaneamente aponta para uma vida guiada pelos prazeres mas possuída por um grau de auto-análise quase cruel. Entre um e outro romance, Radiguet escreveu mais um livro de poemas, "Devoirs de Vacances", e uma peça de teatro em dois actos, "Les Pélicans".

O amor talvez tenha sido o seu grande tema, mas também a indiferença pelas "grandes questões": "Com o Diabo No Corpo" passa-se na Grande Guerra mas não há sinais de demasiada preocupação com o assunto. O narrador faz, aliás, questão de dizer que esse foi o melhor tempo da sua vida, sendo esta uma das razões para o escândalo que o livro causou: um adolescente na cama com a esposa de um combatente, demonstrando uma total indiferença pelos destinos da França, era de mais para os franceses.

Com ou sem guerra, a obra de Radiguet sustém-se no que tem de mais agudo: a auscultação de cada sentimento, o questionar deste, o assumir dos egoísmos e das pulsões, a análise de cada acto como possível jogo mental.

Ao cruel rapaz que com pouca obra inscreveu o seu nome no cânone fizeram o pior que se pode fazer a um corpo: pegaram no seu cadáver e puseram-lhe outra cara. Disseram que era o grande herdeiro de Rimbaud. O tempo encarregou-se de fazer Radiguet desaparecer de todos os mapas, excepto, claro, do mapa da literatura francesa. A Relógio d'Água encarregou-se agora de fazer com que ele voltasse às nossas prateleiras. Esqueçam-se as comparações e o cânone, volte-se às palavras secas, calculadas, cheias de emoção medida, senhoras e presas de uma teia mental que intriga até à última página.

Saudemos portanto o regresso daquele que sabia demasiado e passou demasiado rápido.


Texto originalmente publicado na Revista Eletrônica Portuguesa Ipsilon a propósito do relançamento do livro Com o Diabo no Corpo.

Imagem retirada da Internet: Raymond Radiguet

Marinalva Barros - Poema


POEMA DE AMOR E RIO VI



As digitais de um rio
Tatuaram meu espírito
Sou por isso matizada,
Povoada de estações

Afeita a cidades antigas
E ruas estreitas.
Alinhavada de correntezas. 

Catulo da Paixão Cearense - Poema

O CANGACEIRO




   EU me chamo Sivirino
     Sapiranga, sim, sinhô.
     Sou fio de Zé Fôstino,
     que era fio d’um tropêro,
     Frô dos Santo, meu avô.

Sou naturá de Umbuzêro,
da Paraíba do Norte,
a terra das patativa
que eu amo cum todo o amô
de valente cangacêro!...
apois cangacêro eu sou.

     Não paga a pena, seu moço,
     eu dizê pruquê rézão
     já varei cum a parnaíba
     mais de vinte coração!

Minha históra é atrapaiada,
é toda cheia de ispinho,
e, cumo lá diz o outro,
seu moço, as água passada
já não move mais muinho.

Óie, moço!... Não há munío,
distante um casa de légua
de S. Migué de Traipú,
eu fisguei um cavaiêro,
o fio d’um fazendêro,
cumo quem fisga um tatu.

Esse garoto e canáia
um dia róbou de casa
a neta de um comboêro,
que era um hôme tão bondoso,
e despois, abandonou
aquele anjo fermoso,
cumo se fosse, seu moço,
um cachorro, um cão leproso!!!

Prú té matado o canáia,
a justicia que divía
me té dado uma medáia,
me chama de criminoso!!

               *

     Quando meu pae, que Deus tenha
     no Santo Reno da Glóra,
     ao pé d’um monte de lenha,
     mazômbo, os óio fechou;
     a fia que mais amava
     nestes braço me intregou.

Inda me alembro, seu moço!

Abraçado no pescoço
do véio, que se finava,
eu chorava, eu saluçava,
garrado cum minha érmã,
cumo à boquinha da noite,
chora e geme uma acauã!!

De noite, fazendo quarto,
óiando o pobre do véio,
taliquá, má cumparando,
 — São Pedro cum as barba branca,
 cum os seus cabelo branquinho,
 drumindo o sono da morte
 n’um véio banco de pinho...
 chorava, cumo, sintido,
 o pásso que foi firido,
 cum um tiro, dento do ninho!!

E quando, ao rompe da ôróra,
o véio foi carregado
n’uma rede, istrada à fora’!...
Quando ele foi sipurtado
prú báxo d’uns cajuêro,
ali, naquele momento,
eu fiz este juramento:
me torna n’um cangacêro.

               *

Dêxei meu pae sipurtado,
vortei lanhado de pena,
chorando a sorte tirana!

Mas porém, quando cheguei,
e intrei na minha choupana,
a minha mãe incontrei
cum o coração mais lanhado,
e mais duente que o meu!!

Prá dizê tudo, seu moço,
n’um domingo amarfadado
aquela santa morreu!!!

A morte era naturá!
Despois da morte do véio,
não poude mais suportá!

               *

Meu pae não perdeu a vida
pulos ano!! Não, Sinhô!

Morreu prú via d’um hôme
que era rico e, prú capricho,
uns mulambinho de terra
do pobre véio róbou!

     O jaburu quiz um dia
     que meu pae jurasse farso
     n’uma questã que ele teve
     cum um honrado lavradô.

O lavradô era pobre...

Meu pae, que era um hôme nobre
bateu o pé!... Não jurou.
A Justicia que fazia
tudo o que o hôme quiria,
im mêno de duas hora,
butou o véio prá fora!...
E tudo ansim se acabou!!

Despois que eu vim pró cangaço,
há munto que o tá ricaço
cumigo as conta ajustou!!

               *

óie, moço: vêje lá
se eu tenho rêzão
     ou não.

               *

Um dia, eu táva banzando,
deitado n’uma toucêra
de verde sanacurí,
quando vejo vim, d’ali,
o Antônio dos Picapáu,
amuntado n’um quartáu.


O coração piquinino
sartava, cumo um cabrito!

Vendo o Antônio que era eu,
gritou de lá: “Sirvirino!...
“A tua érmã!...“ Dei um grito,
que o cabôco istremeceu!

Apois, quando eu disse: — “Fala”
ele gritou lá da istrada:
 “Foi trazontônte róbada!!..”
E alevantando a çoitêra,
deu de ispóra no quartáu,
e se assumiu entre as fóia
de duas guapurinhêra!!

               *

Três dia andei a percúra,
atraz do tarapantão,
(o fio d’um figurão...)
mato abáxo, mato arriba,
e só discansei, seu moço,
quando eu tirei o pirão
do buxo daquele cão,
cum a ponta da parnaíba.

               *

 Gibão e chapéu de côro
 n’uma orêia derribado;
 um guarda-peito de onça
 no peito sarapintado;
 cravinóte sêmpe iscravo
 dos bom, cumo vassuncê,
 aqui tá um cangacêro,
 mas um cangacêro honrado,
 taliquá, cumo me vê.

Fonte: ebooksbrasil.org
Imagem retirada da Internet: cangaceiro

Juan Ramón Jiménez - Poema




PAVILHÃO


Muros altos de teu corpo.
Não havia entrada em teu horto.

(Que onda de asas ascendia!
Oh o que ali se passaria!)

Céu claro ou turvo, que importa?
Não havia entrada em tua glória.

(Que aroma às vezes subia!
Oh em teus vergéis que haveria?)

Tornaste a ficar fechada.
Não havia em tua alma entrada



Imagem retirada da Internet: Nu

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