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Palmas: Praia do Prata - foto by Francisco Perna Filho |
PEDRA SOBRE PEDRA
(Palmas para o Tocantins)
— A essência do poema “Palmas”, de Francisco Perna
Filho, pauta-me o tema,
e aqui homenageio o autor e o povo tocantinense —
I
Palmas
para o Tocantins,
com poemas afins,
que lhe cantam os encantos,
sim, a par com os desencantos,
e choram-lhe o pranto;
celebram-lhe, outrossim,
a obra que se levanta:
Palmas que se anima,
se alavanca, arquitetônica,
centro diretivo e econômico.
Poesia da terra e dos rios,
Araguaia, Tocantins,
afluentes rios do Sono e das
Balsas,
Paranã e outras fontes fluentes,
veios, vertentes que se alargam,
para que nadem os peixes,
naveguem os barcos,
a terra se abasteça,
germine a semente,
e o homem se alimente.
Dos barcos as marcas do tempo,
do tempo os ventos históricos;
do Estado que se implanta,
o rosto de Palmas, enfim,
que se contempla.
Encanta-se
com os seus encantos,
sim, também reporta-lhe
das almas o sofrimento,
realça-lhe denúncia e esperança,
“a poesia em movimento”
com a pena de Chico Perna.
Quebra-lhe, poeta,
a golpes de vocábulos,
esse quebranto, malefício,
mau-olhado, olho-gordo;
a cargo, de sobrecarga,
o que aprontam e se apropriam
os inimigos
públicos.
Enxáguem-se as mágoas,
enxuguem-se as lágrimas,
o pranto, o lamento,
o travo
amargo,
de maligno o que engasga,
de turvo o que não se lava.
Onde mora a felicidade,
senão na
própria e feliz cidade?
Quimera o mero jogo de palavras,
lavre-se da
pedra a veracidade.
Ver a cidade...
Ah, poder dizer, um dia:
Venham, venham ver
a cidade que se
quer,
como sempre se quis,
florida de vida e alegria.
Ela toda, bem entendido,
o povo todo, feliz.
Utopia o dia sem valia,
que se vai,
sonho de vida,
que se desfaz.
Querer é o verbo;
realizar, o verbo auxiliar.
Anda, vai e faz.
Querer e poder
não é só
querer o Poder.
É distribuir
o direito e a justiça
de se viver
com
dignidade.
Humanidade,
a lei com que se rege
toda cidade que se preze.
II
Palmas
para o Tocantins,
poema que se apruma,
colunas de força humana.
Promana-lhe mão-de-obra,
pedra sobre pedra,
cerce aos alicerces,
se agrega e se ergue,
sólida se consolida.
Projeto em que se traça
promessa de metrópole.
A 18 de março de 1809,
o marco da
comarca,
o Dia da Autonomia.
Passaram-se os pássaros,
cerca de quase dois séculos
— 180 anos exatos —
para tomar-se posse
de foro próprio.
Nasce o Tocantins em 1988,
instala-se o Estado em 1989,
Palmas se planta
a 20 de maio de 1990,
e se avulta, se agiganta.
Ainda moça, 24 anos, bonita.
Alma se-lhe move a graça,
alto se-lhe alça
a verve do espírito.
III
.
Palmas!
Vigésimo quarto aniversário.
Farfalham cadernos de poemas,
folhas de
palma se espalmam,
batem palmas os ventos
alvissareiros.
São os ares do bioma natural,
chão de serras e cerrados,
florestas e veredas,
campos e savanas,
flora e fauna
do Estado.
Terra de sol e quedas-d´água.
Treliça, argamassa, amálgama.
Rosa-dos-ventos e eventos.
(P)alma radial,
o coração em que lhe pulsa
a Capital.
Pedra sobre pedra,
fundamentalmente.
Palmas,
seara e semente
do povo tocantinense.
Ouripétalas de sua gente,
o futuro aí floresce.
Os girassóis na praça,
o sol no horizonte.
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Valdivino
Braz, jornalista e escritor, participou, como secretário de mesa, do Plebiscito
Pró-criação do Estado do Tocantins, em 1988, com a presença do então governador
de Goiás, Henrique Santillo, além de lideranças políticas e de populares
favoráveis ao movimento autonomista. Lotado, na ocasião, na Secretaria de
Comunicação (Secom) do governo estadual, Braz integrou a equipe de reportagem que
se deslocou para a região Norte (hoje Tocantins) e foi ali convocado como
mesário daquela audiência pública, que obteve votação vitoriosa em prol do novo Estado.