Farewel


Desde el fondo de ti, y arrodillado,
un niño triste como yo, nos mira.




Por esa vida que arderá en sus venas
tendrían que amarrarse nuestras vidas.



Por esas manos, hijas de tus manos,
tendrían que matar las manos mías.



Por sus ojos abiertos en la tierra
veré en los tuyos lágrimas un día.



Yo no lo quiero, Amada.


Para que nada nos amarre
que no nos una nada.



Ni la palabra que aromó tu boca,
ni lo que no dijeron tus palabras.



Ni la fiesta de amor que no tuvimos,
ni tus sollozos junto a la ventana.



Amo el amor de los marineros
que besan y se van.



Dejan una promesa.
No vuelven nunca más.



En cada puerto una mujer espera:
los marineros besan y se van.



(Una noche se acuestan con la muerte
en el lecho del mar.)



Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.



Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.



Amor que quiere libertarse
para volver a amar.



Amor divinizado que se acerca
Amor divinizado que se va.



Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.



Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.



Fui tuyo, fuiste mía. ¿Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.



Fui tuyo, fuiste mía. Tú serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.



Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.



...Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.





In.Neruda - Antologia Poética. 17ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999,p.37-40.
Imagem retirada da Internet: Pablo Neruda e Delia (sua esposa).

Paul Van Ostaijen - (1896-1926) - Poema



POEMA



E cada nova cidade
    flor que murcha
              outono amarelece a flor
              serão todas as cidades assim
              serão todas assim
              assim são todas
Em todo lugar
em todo lugar e em nenhum
             todo lugar é nenhum
em todo lugar
             os mesmos bombons tristes em copos
             bebida fica pérola não há sede
uma canção está em todo lugar             de amor e adultério
             serão todas as cidades assim
             serão todas assim
             assim são todas

Tradução de Philippe Humblé e Walter Costa

Fonte: Cultura
Imagem retirada da Internet: murcha flor amarela

Edmond Jabès - Poeta Egípcio ( 1912-1991 ) - Poema



By Paulo Patoleia
Canção do estrangeiro



Estou à procura de um homem que não conheço,
que nunca foi tão eu-mesmo
quanto depois que o procuro. Tem meus olhos, minhas mãos
e todos os pensamentos iguais
aos destroços do tempo?
Época de mil naufrágios,
o mar deixa de ser mar,
torna-se a água gelada dos túmulos.
Mas, mais tarde, quem sabe mais tarde?
Uma menina canta recuando e a noite reina sobre as árvores,
pastora em meio das ovelhas.
Arrancai ao grão de sal a sede
que bebida alguma satisfaz.
Com as pedras, um mundo se desgasta
de ser, como eu, de parte alguma..


Tradução de Ivo Barroso -é poeta, ensaísta e tradutor. Traduziu mais de quarenta livros, entre eles vários de poesia, como os Sonetos, de Shakespeare, Os Gatos de T. S. Eliot, o Diário Póstumo de Eugenio Montale e Hipóteses de Amor de Annalisa Cima.


Fonte:Dicta&Contradicta

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