Alvorada
Todo dia o poema é deserto
não tem portas nem jardins
nem habitantes ou pérgulas
Sopra o siroco mau por perto
Verso é design de arquiteto
paisagista amador de concreto
pedreiro de nuvens, solo de insetos
Verbo é chuva de remotas terras
Soneto é como João de barro
construtor de um abrigo sem glória
os predadores atacam como loucos
Tudo por um fio até que despertas
e levantas o busto no lençol revolto
Voa então meu coração de poeta
Imagem retirada da Internet: João de Barro