Vicente Franz Cecim - Foto by Jordi Burch/Kameraphoto
MÚSICA E MUSGOS
I
Não é a água
que jorra fora de nós,
das fontes, cantantes
É
A Água
que corre do Vaso de Sombras por dentro: Rumor
da carne em seu leito
O Corpo,
um estado de musgo
Demanda da paz vegetal
O Corpo,
uma flauta de osso,
e aquilo é a voz dos perfumes
II
para abolir a tentação do grito,
um Animal murmura um homem escuro
para beber sem trégua uma Lágrima da estrela
chovendo sobre ti
E se ainda desabrocham a Fenda e a Senda, através da tua Lenda?
É que aqui por cima está o Tanto insuportável que a te grita: Vê sem agonia
Ainda por trás vem a Sombra
A que protege
uma
a
uma
as Ramagens gotejantes dos teus dias
III
Tenta saudar as manhãs nascentes
Se isso abrisse um olho de luz na tua pele mais ausente
E se
pisca efêmera
a tua gota perdida de sua gema gêmea,
é que um oceano oscila num sonho
os repousos que antecipam: os crepúsculos
as auroras sem poentes
e o ruído cintilante de tua sede
e a entretecida Forma que te tece: ó a Irmã Obscura, em Sua rede
In. Antônio Miranda