EVA
Adormecera à beira do riacho
e o sonho e a flor dessa maçã
da primeira saudade - do primeiro desejo do mundo
habitavam seu sono.
Despertara - e dela despertaram
um tato uns olhos um perfume - e o véu
dos cabelos cobria ancas
seios nunca vistos:
Eva bailava sobre chão de folhas
desde então
desde sono e sonho se incorpora sempre
ao homem sonhador o sortilégio
da primeira mulher
coisa e criatura e criadora
de seus tatos seus aromas - aflição e festa
de estrelas na pupila.
Copacabana - 29-7-98
In. Cânon & Fuga. Rio de Janeiro: Record, 1999.
Imagem retirada da Internet: Eva Green
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