Beijoo à vontade das mãosna imagem dos homensO oceanopor entre o oceanoa paz estagnadano contorno dos espelhosBeijo-tena terra à secreçãodos passosódios redondosacuado de seiosa noite na espessuraquentedas almofadas sem manhãa imortalidadeabortadaque mulheres conduzempresaspelo ventre e saciadasde filhosBeijoo absoluto contidonos objetos sem castaa incerteza brancadas paredesimóveisa insalubridade arqueadano silêncio espessodas portas sem casascom jardins malogradosno início do nadacomo se depois das vertentesárvores fossemchuvaou nuvens fossem árvoresBeijo-vosa todos por de dentrodos lábiosas línguas da areianas bocas das praiasgolfos quadradosde alvorarembarcosbarcos erectosagressivos de mastrosA cidade é nossaBeijo-tena cidadenas ruas onde carrossão floresque crescem em ruídosde palmasBeijo-tena sede agudaque gaivotas têm de céue de estátuasestátuas anemiade cabelosem patamares de doençamissivas acresde grades aciduladasa água é no princípiodas palavrasveia fechadasaliente nas rochaságua vertebradacom pulmões escondidosBeijo-tena água de caulessucessivosO grito é um navioperdidona memóriaBeijo-teno vidrosearas verdadeirasde cristal p'loódioa batalha é o azulque deixamos atrásBeijoa súbita vontadeda vigília dos partosos suicídios molescom precipícios vastosas pedras castradasnas retinas dosgatoshorizontena distância onde o crimeacontece nas lâminasFatos inconcretosna geometriado medoas viúvas são laranjasvestidasde encarnadoBeijo-teesquecida na vertigemdas algaso vento é oblíquonas âncoras antecipadasas lágrimassão incógnitasna orgânica dos sonsIntrodução às pétalasna urgência da glóriaabelhas saqueadasna saliva ruivaem poentes sem vérticea boiarem na pele rugosamenteopacada luaA nossa vontadeé nos ombros das plantasorvalho de febre sem objetivoBeijo-vosno bosque onde o animalé a penumbrae os joelhos da luzcogumelos de asfaltono centro de um invernosem notícia nem espantoBeijo-vosprolongada de geraçõesem silêncioé para nós agoraa vezdas planícies que erguemospelas ancasna curva onde o hálitoé ansiedade no homemsão para nósas notícias de mortesnecessáriasna simetria do espaçoBeijo-vosnos pulsos de naufrágiocircularesa onda é um motivoassimétrico de revoltaFronteiras mutiladascedorente aos caisBeijo-vosna vontade de recomeçarmosos olhosos cavalossão paisagense o neon é um cavalode mergulharmos os dedosBeijo-vosa todos nos meus lábiosonde antiguidade de manhãé gaiola insubmersade nunca existirem passos
In. Palavrarte
Foto by Francisco Perna Filho